Em causa está o Polígrafo, um “jornal só de ‘fact checking’”, disse à agência Lusa o responsável pelo projeto, Fernando Esteves, falando à margem da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa.
“Fazemos a verificação daquilo que é dito no espaço público por políticos, por comentadores, por influenciadores […] e nas redes sociais de forma geral”, acrescentou.
Para isso, o jornal terá como critérios a “importância do protagonista - se é primeiro-ministro, se é membro do Governo, se é líder de um partido - e por outro lado a sua capacidade de influência, ou seja, a capacidade que a pessoa tem para influenciar o debate público e aí já estamos a falar de influenciadores e de comentadores”, explicou o responsável.
Fernando Esteves justificou que a plataforma surge por as “democracias liberais estarem a viver um tempo muito difícil”, com as pessoas a deixarem “de confiar nos políticos”, e pelo estado atual do jornalismo, com as “redações a esvaziarem-se e a perderam memória”.
“Neste momento, 60% das notícias que as pessoas leem vêm das redes sociais e não há triagem jornalística”, observou.
Já questionado sobre o porquê do lançamento na Web Summit, Fernando Esteves afirmou que “fazia todo o sentido” pelo tipo de iniciativa.
É “um projeto inovador, um projeto pioneiro, um projeto que vai fazer recurso às novas tecnologias para fazer ‘fact checking’ automático” com recurso à inteligência artificial, sublinhou.
Ao todo, a plataforma conta com 10 pessoas na “estrutura fixa” e uma “rede de 25 colaboradores”, entre jornalistas, gestores de redes sociais e responsáveis pela área de vídeo.
Quanto ao investimento, Fernando Esteves escusou-se a especificar, falando antes numa alocação de “centenas de milhares de euros” pela empresa fundadora, composta, além deste jornalista, pelas companhias Be Creative Media (de audiovisuais) e Emerald Group (multinacional de consultadoria financeira).
“Não vamos meter muitos conteúdos por dia no ‘site’” e “não vamos ser reféns da ditadura das ‘page views’”, garantiu, notando que as receitas do Polígrafo serão, essencialmente, obtidas através de publicidade.
A redação está sediada no Príncipe Real, em Lisboa.
A Web Summit termina na quinta-feira no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL).
Para esta edição, a terceira em Lisboa, a organização já prometeu “a maior e a melhor” de sempre, com novidades no programa e o alargamento do espaço, sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países.
O evento nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros.
Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL.
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