“O prémio CineVision para melhor novo filme foi para ‘A fábrica de nada’, de Pedro Pinho. O júri considerou o filme ‘um drama comovente, um musical peculiar, um documentário preciso, um ensaio desafiador — compre quatro por um com este excelente filme em tempos de turbo capitalismo”, refere a organização do festival num comunicado hoje divulgado.
“A fábrica de nada”, com três horas de duração, é interpretado por atores e não atores e segue a vida de um grupo de operários que tentam segurar os postos de trabalho, através de uma solução de autogestão coletiva, e evitar, assim, o encerramento de uma fábrica.
Pedro Pinho assina a realização, mas o filme de ficção foi construído em conjunto com Luísa Homem, Leonor Noivo e Tiago Hespanha, a partir de uma ideia de Jorge Silva Melo e da peça de teatro “A fábrica de nada”, de Judith Herzberg e por ele encenada.
Para o júri do Festival de Cinema de Munique, “em termos de conteúdo e estética, o filme usa as suas três horas sabiamente e de uma maneira altamente complexa”.
“A história é dita, interpretada e filmada com empatia, mas sem nunca aludir a piedade barata, prefere fazer o espetador pensar por si mesmo, já que não dá respostas fáceis. ‘A fábrica de nada’ é uma expressão energizante e muito divertida de ‘agitprop’ para o século XXI”, defende o júri.
O CineVision, pelo qual competiam 12 primeiras e segundas obras, consiste num prémio monetário de 12 mil euros.
A 35.ª edição do Festival de Cinema de Munique, que terminou hoje, iniciou-se a 22 de junho.
“A fábrica de nada” já tinha vencido o Prémio FIPRESCI, da Federação Internacional de Críticos de Cinema, no Festival de Cinema de Cannes, em maio.
Além disso, o filme de Pedro Pinho foi considerado o melhor de todas as secções do Festival de Cinema de Cannes, de acordo com a soma final dos críticos presentes no evento, sendo só superado pela série televisiva “Twin Peaks”, de David Lynch, que teve estreia mundial em Cannes.
“A fábrica de nada” teve estreia mundial na Quinzena dos Realizadores, secção paralela do Festival de Cannes. Na história desta secção, Pedro Pinho foi o segundo realizador português a receber o prémio da crítica, depois de Manoel de Oliveira, em 1997, com “Viagem ao Princípio do Mundo”.
Em Cannes, o diretor artístico da Quinzena dos Realizadores, Edouard Waintrop, destacou “A fábrica de nada”, pelo “uso de uma variedade incrível de géneros cinematográficos: é praticamente um ‘thriller’ no início, tornando-se íntimo, político, social, fazendo um breve desvio para a comédia musical.”
“A fábrica de nada” ainda não tem data de estreia em Portugal.
Comentários