Sim, já percebemos: a adolescência é difícil

Uma escola secundária e um grupo de adolescentes à procura de uma identidade são suficientes para fazer uma das receitas mais fáceis para uma boa série. Basta ir ao forno e temos um conteúdo dramático de entretenimento ao qual nos vamos agarrar com unhas e dentes.

Um desses conteúdos é “Generation”, uma série que estreou há algumas semanas na HBO Portugal e que é um produto HBO Max. Em cada episódio, vamos reviver várias situações sob o olhar das diferentes personagens, que tanto se adoram como se odeiam. Em cima da mesa, estão os tópicos-chave de sempre: o amor, o futuro profissional, a sexualidade, as relações com a família, o medo de falhar e as opiniões que todos querem que sejam ouvidas.

Depois de pesquisar um pouco mais sobre “Generation” descobri uma curiosidade que a torna mais especial: a série foi escrita por Zelda Barnz, uma adolescente que passou recentemente pelas várias fases retratadas, e pelo seu pai, Daniel Barnz. É caso para dizer que tinha conhecimento de causa.

  • O meu veredicto: Se vi até ao fim de uma só vez? Sim. Se ocasionalmente soltei uma lágrima? Também, confesso. Ainda assim, não posso deixar de admitir que esta receita me parece um pouco mais do mesmo, talvez com um update aos dias de hoje e mais LGBT friendly do que o normal. Isso ou então sou eu que vejo demasiadas séries e filmes de adolescentes.

  • Ideal para quem…: Podia deixar-te aqui um número infinito de séries e filmes que nos mostram que a adolescência é difícil e que a fase de autodescoberta é uma aventura. Mas vou deixar-te antes com a lista do Ranker das melhores séries e filmes sobre o tema. Se gostares destas opções, “Generation” também é para ti.

AQVGD – Generation AQVGD – Generation

Lembrete: Nunca confiar em desconhecidos

Em “Berlin Syndrome”, a protagonista é Clare, uma jovem australiana que acabou de chegar a Berlim para viver a experiência da sua vida. Se este fosse um filme romântico, Clare tinha um vizinho giro ou conhecia um homem encantador depois de irem acidentalmente um contra o outro na rua, e viviam felizes para sempre. Mas não é, pelo contrário.

Este filme de 2017, que está disponível na Netflix, é um drama que mistura thriller e terror soft, pelo quão real parece ser. A fazer “par” com Clare está Andi, um professor com quem tem um caso de uma noite. Na manhã seguinte, Andi sai para trabalhar e Clare fica trancada em casa, sem forma de sair, e é aqui que tudo começa a parecer suspeito.

O apartamento é numa zona isolada e inabitada, as janelas de casa não podem ser abertas nem partidas e Clare não tem forma de estabelecer contacto com o mundo exterior. Primeiro, a jovem parece acreditar que tudo não passou de um acidente e que o companheiro apenas se esqueceu de lhe deixar uma chave. Mas o episódio repete-se e o cenário fica ainda pior. Agora, mais do que um caso de uma noite, Clare é a vítima e Andi o abusador.

Ao contrário de alguns filmes e séries semelhantes, em “Berlin Syndrome”, só vamos descobrindo Andi conforme o enredo vai evoluindo. Aquele que tinha tudo para ser o nosso vizinho do lado e que é o típico caso de “ele é tão simpático, nunca faria mal a ninguém” é, na verdade, um psicopata.

  • O meu veredicto: O meu sexto sentido diz-me que este filme franco-australiano tem um registo muito diferente daquele que teria se tivesse sido produzido em Hollywood e, só por isso, já vale a pena. Durante o filme, é quase como se estivéssemos em constante sofrimento pela falta de informação que temos, à semelhança daquilo por que Clare está a passar. Um thriller dramático que nos relembra porque é que a nossa mãe nos disse sempre para não confiarmos em estranhos.

  • Ideal para quem...: Depois de ver “Berlin Syndrome” houve duas coisas que me vieram à cabeça. A primeira foi a série “You”, que também está na Netflix e que fala de uma história parecida. E a segunda, talvez não tão óbvia, foi o filme “365 DNI”, que foi tão falado no verão de 2020, e que acaba por ser quase uma paródia NSFW escrita por adolescentes com pouca noção do real e com as hormonas todas aos saltos. Em ambos os casos, “Berlin Syndrome” é melhor (e também tem cenas para +18).

AQVGD – Norsemen AQVGD – Norsemen

Um Viking também chora

Quando falamos de séries de comédia, muitos pensam na lista de séries clássicas de visualização obrigatória que fazem com que muitos grupos de amigos discutam sobre qual é a melhor. Mas nem todas as boas séries de comédia precisam de ser passadas dentro de um bar ou de um apartamento, de ter piadas gratuitas e risos de fundo. Às vezes, sabe bem variar.

É nessa categoria de “humor alternativo” que se insere a série “Norsemen”, disponível na Netflix, que saiu em 2016 e da qual muitos nunca ouviram falar. Há umas semanas, foi-me sugerida sob a premissa de ser uma série que se insere no universo Viking, mas que não se podia adaptar melhor aos dias de hoje. Confesso que fiquei intrigada.

Ora, foi depois de dar play que percebi que o enredo gira à volta de uma comunidade do Norte da Europa, por volta do século VIII, que está dividida entre a elite, de onde fazem parte o chefe e os vikings mais fortes, e os escravos. Ao longo dos episódios, vamos acompanhar o dia a dia daquela aldeia e rir com as peripécias que tanto acontecem à classe baixa como à alta. A série tem três temporadas, os episódios rondam os 30 minutos e é uma daquelas que se pode classificar como “vê-se bem”.

  • O meu veredicto: Não houve gargalhadas durante minutos a fio, mas confesso que me ri. Desde a cena em que os mais velhos se atiram de um penhasco para se sacrificar pela comunidade ao viking que não é capaz de satisfazer a sua companheira, “Norsemen” utiliza um tipo de humor negro e ácido que pode não agradar a todos os gostos, mas que por vezes consegue ser brilhante.

  • Ideal para quem...: Ainda que, pela temática, possa parecer lógico recomendar a série “Vikings”, também disponível na Netflix, a quem gosta de conteúdos sobre estes guerreiros, ela não faz parte da minha lista de relacionados. Neste caso, o  tipo de humor e a forma como está escrita faz com que seja ideal para quem gostou de “Miracle Workers”, uma série de que te falei numa edição passada e que está disponível na HBO Portugal.

Créditos Finais

  • Já há data de regresso para “Elite”: Vamos sentir falta de algumas das nossas personagens preferidas, que disseram adeus à série no final da terceira temporada. Agora com caras novas, a quarta temporada estreia na Netflix no dia 18 de junho. Vê aqui o vídeo promocional.

  • Para os ratinhos da internet: Ando viciada num canal de YouTube que tem vários podcasts de que acho que vais gostar. Chama-se H3 Podcast, é da autoria do Ethan Klein, também conhecido como h3h3productions, e é uma ótima forma de estares sempre a par daquilo que se passa no mundo da internet e das redes sociais.
  • A estreia da semana é portuguesa: O último domingo ficou marcado pela estreia do novo programa de Bruno Nogueira. Se não conseguiste ver o primeiro episódio de “Princípio, Meio e Fim”, está disponível na OPTO, a plataforma de streaming da SIC.

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