Para ver pelo menos uma vez na vida
Este subtítulo é uma das categorias que encontrei enquanto pesquisava que filmes estavam disponíveis na HBO Portugal. Nesta lista está um conjunto de clássicos que já devíamos ter visto, o que me deu a ideia de criar uma rubrica para esta newsletter em que pudesse finalmente arranjar a oportunidade para fazer aquilo que o período de isolamento já deu a alguns de vocês: ver alguns dos filmes que já deviam ter passado pelos meus olhos.
- Qual foi a minha primeira escolha? Rocky, filme lançado em 1976, escrito e protagonizado por Sylvester Stallone, que daria origem a uma das sagas mais famosas do cinema americano.
- A história é a seguinte: Rocky Balboa é um lutador amador de boxe de 30 anos que tinha visto os seus melhores anos passar sem conseguir ter sucesso. Apollo Creed é o campeão do mundo, com o combate do século marcado para o dia 1 de janeiro de 1976. Subitamente, Creed vê a sua luta em risco de ser cancelada depois do seu adversário se lesionar e, para não perder as receitas, decide reformular o evento para uma celebração do “Sonho Americano”, escolhendo um lutador amador para lutar consigo. Conseguem adivinhar quem acaba por ser o sortudo.
- E depois? Entre o desenvolvimento de uma relação amorosa, a preparação para o combate e a superação de todas as expectativas por parte de Rocky, o filme acaba num impasse sem se saber o resultado do combate e o destino da personagem. Provavelmente, já a preparar a sequela.
Felizmente, na HBO Portugal estão seis dos sete filmes seguintes (Rocky II-V, Rocky Balboa e Creed) que me vão deixar descobrir o que aconteceu a Rocky até aos dias de hoje. Três curiosidades que encontrei sobre a saga:
- A inspiração de Stallone para a história surgiu num combate de 1975 entre aquele que é considerado o melhor lutador de todos os tempos - Muhammad Ali - e um não tão conhecido, Chuck Wepner (que até teve um filme sobre si lançado recentemente).
- A crítica geral vê o Rocky V (1990) como o pior da saga e a reação ao filme fez com que Stallone, não quisesse terminar a história dessa forma e que regressasse em 2006, com Rocky Balboa.
- Foi Rocky que, nos anos 70, tornou popular a steadycam, que mudou para sempre a forma como as cenas eram filmadas, permitindo que o operador se deslocasse livremente sem se preocupar com “distorções” de imagem. Descobre como aqui.
O que é que Rick and Morty e os Avengers têm em comum?
A resposta certa é a série Community, cujas seis temporadas foram lançadas na Netflix, na semana passada. Vou passar a explicar:
- Dan Harmon: é o nome do criador de Community, que também é o responsável pela existência de Rick and Morty, série de animação também presente na plataforma de streaming.
- Russo Brothers: são os irmãos responsáveis pela produção e direção da série que, nos últimos anos, se tornaram mais famosos pelo seu papel no universo da Marvel, tendo tido a seu cargo a realização de quatro filmes: Capitão América: Soldado de Inverno (2014), Capitão América: Guerra Civil (2016), Avengers: Infinity War (2018) e Avengers: Endgame (2019).
A série conta a história de sete personagens que, por razões diferentes, acabam todas numa community college (nome dado a universidades públicas no EUA) chamada Greendale e que formam um grupo de estudo para a cadeira de Espanhol, a saber:
- Jeff é o ex-advogado que viu a sua firma descobrir que tinha falsificado o seu diploma e que o obrigou a ir tirar o curso.
- Annie é a jovem inteligente que, devido ao vício em comprimidos para controlar a ansiedade, foi obrigada a ir para reabilitação e depois para uma universidade de menor prestígio.
- Britta é a ativista do grupo que desistiu do liceu e que tenta agora conseguir acabar o curso.
- Abed é viciado em filmes e séries e utiliza referências da cultura pop para comunicar com os seus colegas.
- Troy é a ex-estrela de futebol americano no liceu que, depois de uma lesão grave, se tenta adaptar à sua nova realidade.
- Shirley é uma mãe solteira que acabou de se divorciar do marido e que tenta recuperar algum do tempo e liberdade que o casamento lhe tirou.
- Pierce é o ex-CEO de uma empresa de papel higiénico que, chegado à terceira idade, decidiu inscrever-se na universidade para passar o tempo.
Ao longo das seis temporadas, que foram transmitidas entre 2009 e 2015, vamos acompanhando a dinâmica do grupo e as suas aventuras em cada semestre, que servem sempre para fazer uma crítica social em temas que vão da intolerância da religião, a eventos e festividades que não fazem sentido, homenagens a elementos da cultura pop, o perigo das redes sociais e aquilo que significa atingir os objetivos ou sonhos.
- “Personal is the most creative”: é uma frase de Martin Scorsese, popularizada este ano por Bong Joon-Ho, realizador de Parasitas, que se aplica perfeitamente a esta sitcom, visto que a sua história é baseada na própria experiência que Dan Harmon teve enquanto estudava numa universidade pública.
- Não sabia que ele estava nisto: a série foi a rampa de lançamento do músico e ator Donald Glover aka Childish Gambino (que interpreta a personagem Troy), que depois de Community se tornou num dos artistas mais requisitados de Hollywood com a presença em filmes como o Rei Leão e Solo e ainda com a criação da série Atlanta, que também protagoniza
- Rumor: Em fevereiro, numa thread “Ask Me Anything” do Reddit, a atriz Alison Brie (Annie), deixou no ar a ideia de que um filme para juntar o grupo novamente podia estar a ser trabalhada.
- PS: Estes senhores também entram na série.
“The New Abnormal”, música para estes tempos anormais
Passados sete anos, os nova-iorquinos The Strokes voltaram hoje com um novo albúm. Apesar de terem lançado o EP “Future, Present, Past” em 2015, The New Abnormal é o disco que sucede a Comedown Machine.
A juntar aos singles “At The Door”, “Bad Decisions” e “Brooklyn Bridge To The Chorus”, estão mais seis músicas que trazem o álbum mais adulto de Strokes e em que os nova-iorquinos procuram testar novas coisas sem perder a sua identidade.
A banda de Julian Casablancas e companhia está agendada para tocar no dia 11 de julho no NOS Alive. No seguimento dos vários adiamentos de festivais que temos observado, a possibilidade de virem a Lisboa é cada vez mais remota, mas resta aguardar.
- O meu álbum favorito de The Strokes: o meu e da maior parte das pessoas, por ser difícil fugir à forma como “Is This It” marcou o início do milénio e acabou por influenciar bandas que se seguiram, como os Arctic Monkeys.
- Também vamos passar a ter direito a um podcast regular: vê o primeiro episódio aqui, em que a banda prestou homenagem ao músico Bill Withers que faleceu na passada semana e relembrou a vez que tocaram “Walk On The Wild Side” com Lou Reed.
- Onde ouvir “The New Abnormal”: o álbum já está disponível na Apple Music e no Spotify.
- E sim, o meu concerto no YouTube desta semana é The Strokes em Reading 2011.
Créditos finais
- “Eu Chico em Casa” é o primeiro talk-show animado em português, da autoria de Francisco Correia, que teve como primeiro convidado o músico Luís Severo.
- A Marvel é amiga e disponibilizou gratuitamente na sua plataforma Marvel Unlimited 12 bandas desenhadas dos teus heróis favoritos.
- “One World: Together at Home”: o concerto global para angariar fundos para o combate ao Covid-19 vai ser transmitido no dia 18 de abril e terá a curadoria de Lady Gaga. A minha colega Rita Sousa Vieira explica melhor no SAPO24.
- Power Point Party: Para quem já ficou sem ideias do que fazer em casa e está farto de falar no vírus.
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