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Um crime em Hollywood? Perry Mason resolve.
A primeira aula começa na década de 30 e é dada por “Perry Mason”, série que estreou esta segunda-feira na HBO Portugal. Nela encontramos o homem que lhe dá nome, um detetive privado em Hollywood, que sobrevive fazendo biscates, perseguindo as estrelas dos principais estúdios de cinema e encontrando os seus “podres”. Neste negócio, Mason (protagonizado por Matthew Rhys de “The Americans") não tem a vida facilitada, visto que, os estúdios, preocupados com a sua reputação e com as receitas dos seus filmes, agem como bullies a proteger as informações que podem danificar a reputação dos seus atores.
No primeiro episódio, ficamos já com uma boa imagem do passado de Perry Mason: lutou na Primeira Guerra Mundial, é um ex-advogado que caiu em desgraça e os seus pais, já falecidos, eram personalidades de relevo na sua cidade, pela quinta e terreno onde este vive, que tem o seu próprio apelido. Descobrimos também que o detetive arranja estes “pequenos trabalhos” através de um mentor/advogado E.B Jonathan representado por John Lithgow (que tão bem encarnou Winston Churchill em “The Crown”).
É precisamente assim que Perry Mason acaba envolvido no caso que irá ser abordado ao longo dos oito episódios que irão compor esta mini-série. Um casal, dono de uma mercearia, depois de ver o seu bebé raptado, foi obrigado a negociar um resgate de 100 mil dólares para o ter de volta, montante esse que, em 2020, com o ajuste de inflação, representaria cerca de 1.5 milhões de dólares (desconfio que um dos twists da narrativa será como é que eles tinham acesso a tanto dinheiro só com uma mercearia).
O problema foi que quando foram buscar o seu filho, este já se encontrava sem vida, numa figura que pode fazer impressão aos mais sensíveis. Os culpados? Sem saber os motivos, além do dinheiro, ficamos a saber que um deles faz parte do grupo de polícias que está a tratar do caso, aos quais Mason está a dar assistência, ao mesmo tempo que faz a sua própria investigação. Tenho a certeza de que mais provas e ligações a Hollywood estarão a caminho nos próximos capítulos.
- Não é bem um remake: “Perry Mason” foi uma popular série da CBS na década de 50 e 60, na qual a personagem era retratada como um advogado bem sucedido e não como um detetive privado problemático com um passado na advocacia. Contudo, a versão moderna é mais fiel à dos livros originais, da autoria de Erle Stanly Gardner.
- Um sucesso inesperado: A série foi vista por 1.7 milhões de pessoas no EUA na sua estreia, no Domingo. É o valor mais alto para o primeiro episódio de uma série da HBO, nos últimos dois anos.
- Com Ironman ao leme: Robert Downey Jr. é um dos produtores-executivos da série. O ator esteve a trabalhar numa adaptação da história para o cinema (que ia protagonizar), trazendo Perry Mason para o mundo atual , mas ao longo do tempo a história acabou por evoluir para o pequeno ecrã e este acabou por ficar apenas nos bastidores.
Um serial killer por apanhar
A segunda aula decorre no final dos anos 60 e durante a década de 70, é baseada em factos reais e envolve uma investigação conjunta entre polícia e um meio de comunicação social, na descoberta de um serial killer, em São Francisco. “Zodiac”, que está disponível na Netflix, estreou nas salas de cinema em 2007 e pegou na história da perseguição ao criminoso que dá nome ao filme, que ainda hoje é um dos “casos arquivados” mais famosos dos EUA.
Depois de uma série de homicídios no Estado da Califórnia, um indivíduo decide enviar uma carta com uma cifra ao San Francisco Chronicle, um dos maiores jornais locais da altura, a assumir a culpa dos crimes e a brincar com as autoridades e com os media, dizendo que estes nunca serão capazes de descobrir a sua identidade e que fez o que fez, por pura necessidade. E na verdade tinha razão.
Havia uma série de obstáculos nesta investigação: Zodiac enviava cartas regulares a dizer que tinha cometido crimes que não eram da sua autoria para despistar a polícia do seu modus operandi; fazia chantagem regular com a comunicação social para publicar as suas cartas e cifras, ameaçando, por exemplo, atacar um autocarro cheio de crianças; e, por mais que se tentasse descobrir a sua identidade, através da sua maneira de escrever ou até de algum do seu ADN, ainda não havia inovação suficiente para que as provas pudessem ser 100% fidedignas.
Quem se destacava na investigação?
David Toshi (protagonizado por Mark Ruffalo), detetive local, que durante anos procurou o serial killer e que, segundo o filme, chegou a estar muito perto de o apanhar mas sem sucesso, o que levou a que depois de vários anos sem resultados se afastasse do caso.
Paul Avery, encarnado por Robert Downey Jr, que era o jornalista criminal do San Francisco Chronicle que tentou também sem sucesso descobrir quem era Zodiac, acabando em desgraça com problemas de drogas e alcoolismo.
Robert Graysmith, a quem Jake Gyllenhaal dá vida, que passou de um mero cartoonista no Chronicle que dava uns palpites a Avery, à única pessoa, a determinada altura, a prosseguir a investigação sozinho. O seu livro “Zodiac”, lançado em 1986, onde sugere a identidade do serial killer, acabaria por ser uma das bases para o argumento do filme.
- Um trauma de infância: David Fincher, que realizou o filme, interessou-se pela história porque era uma criança a viver na Califórnia quando os crimes aconteceram e lembrava-se de o Zodiac ser uma espécie de bicho papão.
- Trabalho de detetive: Para garantir que a história era o mais fidedigna possível, o realizador americano juntamente com o seu produtor e argumentista, esteve durante um ano e meio a fazer a sua própria investigação antes de começar a filmar, para confirmar as diferentes histórias.
- “Dirty Harry”: o enredo do famoso filme de 1971, protagonizado por Clint Eastwood, foi baseado na investigação enquanto esta decorria.
Um abuso sistémico começa a ser desmascarado
A última aula, acontece em 2017, ano em que um dos maiores escândalos do desporto norte-americano foi finalmente desmascarado através da investigação de um jornal americano local. “Athlete A” é um documentário que estreou esta semana na Netflix e que relata não só a forma como dezenas de ginastas foram abusadas sexualmente pelo fisioterapeuta da seleção nacional de ginástica dos EUA, Larry Nassar, mas também como houve toda uma organização — a Federação Americana de Ginástica — que fez de tudo para encobrir os diversos casos que foram surgindo.
A ginástica é um desporto peculiar. Quando pensamos em desporto de elite, pensamos em homens e mulheres adultos ou pelo menos com alguma maioridade, que atingem nos seus “vintes” todo o seu potencial físico e o chamado topo de forma. Na ginástica não é assim. Quem olha para as competições olímpicas, das últimas décadas, onde o desporto ganha outra dimensão e notoriedade, nunca deixa de ficar impressionado pela juventude de algumas das atletas, algumas delas sem a maturidade para lidar com o tipo de pressão exigida a um atleta olímpico… e para compreender o que é abuso sexual.
Se juntarmos a isto um método de treino em que o objetivo passa por fazer “pequenas atletas” resistir a um inferno físico, psicológico e emocional liderado por dois austeros treinadores romenos da antiga URSS, temos a receita perfeita para ter um conjunto de jovens desequilibradas das quais um médico perverso, que passa por simpático ao contrário das restantes pessoas, se aproveita sexualmente. Esta era a realidade da Federação de Ginástica Americana, até Maggie Nichols, ex-ginasta da seleção americana (no GIF em cima) decidir fazer queixa de Larry Nassar e um jornal local do estado do Michigan (onde é a sede da federação), o Indianapolis Star, iniciar uma investigação em que começou a ligar os diferentes casos associados ao fisioterapeuta, ao longo de quase 30 anos, bem como as pessoas que tinham conhecimento da sua atividade na federação.
- O primeiro artigo: Lê o artigo original da Indianapolis Star a dar a conhecer os abusos de Larry Nassar de 2016 que, com o passar dos anos foi sofrendo atualizações.
- Larry Nassar não é o único culpado: houve toda uma organização que preferiu proteger a sua reputação, as suas medalhas e as suas receitas de patrocínios, em vez das mulheres e raparigas que alcançam esses feitos. Sinal disto foi a condenação do Presidente da Federação, por decidir encobrir os abusos às suas atletas.
- Para mais detalhes da investigação: alguns detalhes ficaram de fora do documentário e poderás descobri-los neste artigo da Screenrant (depois de o veres claro).
Créditos Finais
- Mais uma temporada de acordos com o Diabo. “Lucifer” estava preparado para ter a sua última aventura este ano, mas a Netflix decidiu dar-lhe mais um ano final na Terra.
- “Land Of The Giants” é um podcast da Recode que explora os efeitos das Big Tech no mundo. A primeira temporada foi sobre a Amazon. A segunda que estreou esta semana será sobre a Netflix e a sua cultura. Ouve o primeiro episódio aqui.
- Global Goal: Unite For The Future é um evento solidário contra a desigualdade, que vai ser apresentado por Dwayne Johnson. Irá acontecer este sábado, a partir das 19h, com concertos de artistas como os Coldplay, a Lady Gaga, o Justin Bieber e a Shakira. Descobre onde assistir aqui.
- Tiny Desk State Of Mind. Vê aqui o pequeno concerto da Alicia Keys na popular rubrica do canal de YouTube da NPR.
- The One With A Reunion. Na sua rubrica “Actors on Actors”, a Variety juntou Jennifer Anniston e Lisa Kudrow para relembrarem, entre outras coisas, os seus tempos de “Friends”
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