“O que vamos fazer é um mapeamento arqueoacústico da gruta. Ou seja, vamos emitir uma série de impulsos sonoros que vão ser recebidos por sensores colocados nos diversos recantos para conseguir um mapa virtual da gruta”, explicou o autor da iniciativa, em declarações à agência Lusa.
As recolhas sonoras vão ser feitas, esta segunda e terça-feira, por técnicos e engenheiros de som, acompanhados por um técnico da Direção Regional de Cultura do Alentejo, informou a Universidade de Évora (UÉ).
A academia alentejana apoia o projeto Alentejo Musical, liderado por Afonso Nascimento, através do seu Programa de Apoio ao Empreendedorismo Criativo Magallanes_ICC.
Desta forma, será possível criar um ‘software’ de Tecnologia de Estúdio Virtual (VST) que irá permitir a qualquer produtor musical “utilizar a reverberação natural da gruta nas suas composições” de qualquer género.
“O efeito será o mesmo de produzir qualquer som dentro da gruta”, frisou Afonso Nascimento.
Os trabalhos de recolha dos “sons da gruta” irão decorrer “na penumbra e em silêncio, com pausas frequentes para evitar a contaminação da atmosfera” sonora, disse a UÉ, em comunicado enviado à agência Lusa,
Ao longo dos próximos meses, o projeto Alentejo Musical vai incluir também “recolhas de paisagens sonoras, vozes locais e instrumentos musicais típicos” da região, através dos quais o músico eborense disse pretender “promover o património sonoro e musical do Alentejo”.
“A gruta é a primeira fase do projeto, que inclui, depois, a recolha de paisagens sonoras, instrumentos tradicionais e outros sons característicos, como as lavadeiras a cantar enquanto lavam a roupa, os velhos nas tabernas e todo o registo do património sonoro do Alto e Baixo Alentejo”, especificou o músico.
Serão também recolhidos sons em “locais de natureza, paisagens e ribeiras”, entre outros.
O objetivo é a “criação de uma biblioteca” à qual possam aceder “todos os jovens produtores portugueses” e que possa inspirá-los a “utilizar os recursos da sua região”, explicou.
As próximas fases do projeto Alentejo Musical incluem ainda a criação de um outro SVT com grupos corais alentejanos e a gravação de um álbum com “cinco temas originais e uma performance”, com recurso aos sons recolhidos, adiantou o autor.
O projeto liderado por Afonso Nascimento está a ser desenvolvido no Centro Musibéria, em Serpa (Beja), um dos 12 Núcleos Criativos Magallanes_ICC no Alentejo.
O projeto Alentejo Musical é cofinanciado pelo Programa INTERREG Portugal-Espanha e tem o apoio da Direção Regional de Cultura do Alentejo, câmaras de Évora e de Serpa, Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) e diversas associações.
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