Afonso Cruz foi distinguido por unanimidade pelo júri, tendo sido atribuída ainda uma menção especial à ‘rapper’ Capicua pelo livro-disco “Mão Verde II”.
Para a primeira edição do Prémio Ibérico Álvaro Magalhães tinham sido selecionados cinco finalistas, entre 95 obras portuguesas e espanholas a concurso: “A flor e o peixe”, de Afonso Cruz, “Mão Verde II”, de Capicua, “Os reis do mar”, de David Machado, “Filas de sonhos”, de Rita Sineiro, e “A minha mãe é a minha filha”, de Valter Hugo Mãe.
O livro “A Flor e o Peixe”, editado em 2022 pela Companhia das Letras, “tem uma dimensão poética muito boa, uma leveza de linguagem que lhe dá uma dimensão fora do vulgar. Foi pensado para ser uma peça de dança e a própria linguagem parece um bailado”, afirmou à agência Lusa a autora e editora Adélia Carvalho, que integrou o júri.
Numa pequena nota introdutória nas primeiras páginas, Afonso Cruz explica que “esta história nasceu de uma proposta da [associação cultural] Play False para um espetáculo de teatro e dança cuja base seriam duas histórias de Saramago, ‘O silêncio da água’ e ‘A maior flor do mundo'”.
“Tem uma reflexão sobre amizade, sobre tudo o que nos liga, sobre questões de pertença”, sublinhou Adélia Carvalho, elogiando ainda a intertextualidade da obra, escrita e ilustrada por Afonso Cruz.
O júri foi composto pelos escritores Álvaro Magalhães e Adélia Carvalho, pela professora universitária Lourdes Pereira e pela ilustradora e editora Marta Madureira.
O Prémio Ibérico Álvaro Magalhães foi criado pela Câmara Municipal de Valongo, em parceria com a editora Tcharan, para homenagear o escritor Álvaro Magalhães pelo contributo “para a valorização e promoção da literatura infantojuvenil de qualidade”, refere o regulamento.
O autor da obra vencedora recebe um prémio monetário de 5.000 euros e o da menção especial um prémio de mil euros.
O Prémio Ibérico Álvaro Magalhães foi hoje anunciado no âmbito do Onomatopeia – Festival de Literatura Infantojuvenil, que decorre até domingo em Valongo, distrito do Porto.
Afonso Cruz, de 52 anos, é um premiado ilustrador e autor de ficções, entre romance, conto e literatura de viagens, tendo publicado, entre outros, “A carne de Deus”, “Jesus Cristo bebia cerveja”, “Para onde vão os guarda-chuvas” e “O pintor debaixo do lava-loiças”.
Em 2015 venceu o Prémio Nacional de Ilustração com o livro “Capital”.
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