É uma verdade quase universal que a bela Monica é uma mulher que causa emoções fortes. Em conversa de rua, é ‘boa todos os dias’. Os homens dizem-no com ar sonhador, lascivo vá, as mulheres reconhecem-no com admiração. Todos se lembram de algum filme com a ‘bella Bellucci’. Homem que é homem viu o Malèna e nunca se esqueceu. Ainda hoje se baba. E se uns percorreriam um lodaçal repleto de sanguessugas só para poder respirar o mesmo ar da belíssima Bellucci, outros relembram as embalagens de Kleenex gastas na sua juventude.
Inveja? Nem sequer dá para ter inveja.
A Monica pertence àquele mundo de mulheres irreais que por mais que os anos passem, continuam sempre fantásticas, sedutoras, interessantes e apetecíveis. Como a Sharon Stone que, recentemente, e do alto dos seus 57 anos, posou nua para a Harper’s Bazaar. Ou a Elle MacPherson que, em 2013, também foi capa na mesma revista. Despida, só uns collants transparentes e com 49 anos em cima.
Serão estas mulheres tão diferentes das reais, de nós comuns mortais? Uma coisa é certa. Para além de bons genes, têm dinheiro, spas e tratamentos de toda a espécie para o cabelo, rosto, pescoço, colo, abdominais, ancas, coxas, pernas e pés. E unhas. E contorno dos olhos. E extensões de pestanas.
As mulheres reais conseguem ir ao cabeleireiro uma ou duas vezes por mês, e é quando a coisa está de feição. As unhas partem-se, as gordurinhas instalam-se naquela meia hora na tasca mais próxima do emprego, enquanto atendem o telefone entre duas dentadas na bifana. Ora poupem-nos! Tivéssemos nós – as reais – duas horas com uma equipa para nos alindar antes de nos pormos no trânsito e todas soltariam um pouco de Bellucci por essas ruas fora.
Injustiça? Bem, um bocadinho. Mas se fôssemos todas assim fantásticas, isto também era um grande enjoo. A beleza está na simetria, mas o interesse está nas pequenas imperfeições, gestos peculiares, um sorrisinho um pouco idiota, o enrubescer em situações complicadas ou nas gargalhadas sonoras que chegam às lágrimas.
A verdadeira injustiça é esta: aos homens, os cabelos brancos dão charme. Às mulheres, só dão despesa. Em idas mensais ao cabeleireiro. Um homem de meia-idade é charmoso, interessante e outras coisas que tal. São todos uns George Clooney. Uma mulher de meia-idade recebe, de vez em quando, o ‘elogio’: estás ótima para a tua idade!,ou, numa versão mais gueto, és uma cota enxuta! (Pausa para bolçar).
Um homem de meia-idade compra um descapotável ou uma moto e troca a mulher de 40 por várias de 20. Uma mulher de meia-idade luta pelo seu lugar na empresa sem nunca ser levada a sério, vai a correr para casa para fazer o jantar e dar banho aos miúdos.
Depois de todas estas injustiças, há esperança para uma quarentona real? Poderá ambicionar ser uma cinquentinha apetecível?
Todas nós, que andamos normalmente pela rua, sem entourage, equipa de maquilhagem ou uma ventoinha para nos fazer esvoaçar o cabelo, sabemos que sim! E somos estranhamente ‘interessantes’ a começar pelos de 20, que têm idade para ser nossos filhos, até àqueles que têm idade para serem avôs. Nossos avôs.
Ainda há esperança. O paradigma mudou. As mulheres interessantes são aquelas entre os 30 e 50 anos. Ou entre os 40 e logo se vê. Até da Monica dizem o mesmo. Apesar de ser ‘boa todos os dias’, há uns melhores que outros. E esses dias foram entre os 35 e os 45 anos.*
Monica, as mulheres reais só têm de te agradecer pela tua existência. Conseguiste mostrar que as ‘cotas enxutas’ ainda têm muito para dar. E receber. És a prova viva da revolução no conceito de ‘uma mulher de uma certa idade’.
* (sondagem realizada com a maior acuidade dentre um universo de 20 homens heterossexuais dos 30 aos 70 anos)
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