Na Coreia do Sul, André Letria venceu o Grande Prémio do Nami Concours 2019, o concurso internacional de livro ilustrado da ilha coreana de Nami. O prémio tem um valor monetário de cerca de dez mil euros e as ilustrações do livro distinguido estarão expostas na ilha a partir de abril.
O Nami Concours foi criado em 2013, é bienal e na última edição distinguiu as autoras Catarina Sobral (“A sereia e os gigantes”) e Yara Kono (“Imagem”), tendo sido ainda atribuídas menções às ilustradoras Anabela Dias e Fatinha Ramos.
Na China, o conjunto das ilustrações de “A Guerra” valeram a André Letria um prémio, na categoria profissional, da Competição Internacional de Livros Ilustrados Little Hakka.
Esta é a segunda edição da competição chinesa, destinada a reconhecer editoras e autores dedicados “à criação de livros ilustrados”. Na primeira edição, foram distinguidos Catarina Sobral, com o livro “O meu avô”, e João Vaz de Carvalho com as ilustrações para “O homem da mala”, com texto de Adélia Carvalho.
Editado em maio passado, “A Guerra” tem um título autoexplicativo. É um livro sobre a guerra, com uma narrativa textual que se estende por duas dezenas de frases às quais André Letria deu vida com uma sequência visual paralela e complementar.
“A guerra não ouve, não vê e não sente. A guerra sabe sempre onde a temem e a esperam. (…) A guerra é o estrondo e o caos”, lê-se no livro.
Em maio, André Letria explicou à agência Lusa que este livro partiu de um texto que José Jorge Letria tinha há algum tempo e que foi sendo modificado até ao resultado fixado nas páginas.
“É o dualismo que me interessa num livro ilustrado, é criar um objeto e que conte uma história. Aqui neste há uma interpretação da essência da guerra, como uma doença que se transforma e adapta, que está atenta às fragilidades do hospedeiro e se instala de uma maneira insidiosa”, explicou.
O ilustrador recorre visualmente a elementos que ajudam a personificar uma ideia de conflito, sem rostos, sem tempo e sem local: Há bombas, tanques e aviões de guerra, mas também um líder que destrói livros, uma floresta dizimada, uma cidade destruída, tudo retratado em tons escuros, castanhos e cinzentos.
“A Guerra” volta a juntar José Jorge Letria e André Letria – pai e filho – em torno do livro ilustrado, numa colaboração criativa que dura há pelo menos 20 anos e que ficou fixada em obras como “Lendas do mar” (1998), “Versos de fazer ó-ó” (1999), “Os animais fantásticos” (2004), “Domingo vamos à Luz”(2010) ou o mais recente “Se eu fosse um livro” (2011).
O livro está recomendado no Plano Nacional de Leitura para leitores a partir dos 09 anos.
Na próxima semana, é possível ver algumas das ilustrações – e também esboços – deste livro numa exposição que inaugura no dia 02 de janeiro na Biblioteca Municipal de Ílhavo.
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