“O Outro Casal. Helena Almeida e Artur Rosa” é o título desta exposição que tem afinidades com o casal Arpad Szenes-Vieira da Silva, que também abordou esta temática, de acordo com um texto do sítio ‘online’ do museu.
As fotografias de Helena Almeida, nascida em Lisboa, em 1934, com formação em pintura, foram sempre registadas pelo marido, Artur Rosa, também nascido em Lisboa, em 1926, arquiteto e escultor.
Sobre o facto de Artur Rosa ter fotografado praticamente todos os seus trabalhos, Helena Almeida explicou, um dia, numa entrevista à curadora Isabel Carlos: “É sempre ele. Porque é importante que as fotografias aconteçam no lugar físico em que eu as pensei e projetei”.
“E como tal tem que ser alguém próximo de mim. Mas antes faço sempre desenhos das situações que quero fotografar. Aliás, a partir da década de 80 passo a usar o vídeo para experimentar, porque um gesto pode ser muito enganador: uma mão mais para o lado é já outra coisa. Então, ensaio primeiro com a câmara […]. Eu quero a fotografia tosca, expressiva, como registo de uma vivência, de uma ação”, acrescenta.
O lugar físico de que fala, o ateliê, é o espaço onde cresceu, e já era o ateliê do pai, o escultor Leopoldo de Almeida, autor, entre outras obras, do conjunto escultórico do Padrão dos Descobrimentos, e uma das figuras mais proeminentes da estatuária das décadas de 1940 e 1950 em Portugal.
Helena Almeida, “mais do que criar obras especificamente para um lugar ou um sítio, parece antes afirmar que o lugar é o atelier e o atelier é o seu mundo. Daí que as fotografias tenham que ser tiradas no sítio onde o trabalho se desenvolveu e registadas por alguém do seu círculo, por alguém da sua intimidade”, segundo o museu Vieira da Silva.
O processo quase sempre se inicia pelo desenho: Helena Almeida desenha primeiro as posições, os movimentos em que o seu corpo será registado e depois, em sessões a dois, faz-se fotografar por Artur Rosa. Mas por vezes Artur Rosa também entra na imagem.
Na obra de Helena Almeida, a primeira vez que surge a imagem do casal é em 1979, na obra “Ouve-me”, uma sequência de oito fotografias a preto e branco, ao modo de um ‘storyboard’, em que o rosto dos dois artistas surge frente a frente.
A partir de 2006, tal como a exposição mostra, o casal surge representado de um modo mais permanente.
Helena Almeida nasceu em Lisboa em 1934, cidade onde vive e trabalha, e estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz.
A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004, participou na Bienal de Sidney.
Nos últimos anos, a sua obra tem sido exibida no âmbito de exposições individuais e coletivas em museus e galerias nacionais e internacionais.
Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017).
Em 2017, apresentou igualmente uma exposição individual “Work is never finished” no Art Institute, em Chicago.
A sua obra está presente em coleções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação Serralves, Porto; Centro de Artes Visuales, Fundación Helga de Alvear, Cáceres; Fundación ARCO, Madrid; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; MEIAC – Museo Extremeno e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.
Na mesma data, o Museu Vieira da Silva irá inaugurar a exposição “Antologia de Artistas”, com obras que o artista Pedro Proença tem vindo a reunir desde 1986, para uso privado.
John Rindpest, Pierre Delalande, Sandralexandra e Rosa Davida são alguns dos nomes desta “intrincada expansão de personalidades e processos”.
As personagens, suas obras e livros vão-se tornando “exposições que contêm livros que contêm hipóteses de instalações, e fotobiografias”.
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