Sob o título “O Laboratório do Futuro”, a 18.ª Bienal de Veneza foi programada pela curadora Lesley Lokko e irá decorrer entre sábado e 26 de novembro.
Nesta edição, o Pavilhão de Portugal volta a ocupar o Pallazzo Franchetti, situado na margem do Grande Canal de Veneza, e o país será representado pelo projeto “Fertile Futures”, centrado na problemática da escassez de água doce e na busca de soluções sustentáveis para a gestão de recursos hídricos.
O projeto, com curadoria de Andreia Garcia e curadoria adjunta de Ana Neiva e Diogo Aguiar, assenta em sete casos do território português.
“A escassez de água doce é um problema global com manifestações dramáticas no território português. Repercute-se no alargamento dos períodos de seca extrema e aumento do calor, agravamento de aridez dos solos, risco de incêndio, e, ao mesmo tempo, cheias e inundações que vivemos recentemente”, alertou a arquiteta Andreia Garcia sobre a motivação do projeto, em entrevista à Lusa em janeiro.
Andreia Garcia considera “urgente a discussão pública sobre a proteção, gestão e futuro deste recurso natural”, sobretudo pelos problemas vividos em várias regiões do território nacional, a partir dos quais o projeto selecionou sete casos reais.
Nesta abordagem encontra-se o “contributo da arquitetura no desenho ou redesenho de uma ideia de futuro mais descarbonizada, descolonizada e colaborativa” com outras disciplinas, com o objetivo de encontrar soluções sustentáveis para os reservatórios de água doce do futuro.
Para cada uma das equipas das sete hidrogeografias abordadas no projeto foi convidado um ateliê de arquitetura e um especialista de outra área disciplinar: a Bacia do Tâmega, (equipa ateliê Space Transcribers e o geógrafo Álvaro Domingues), o Douro Internacional (arquiteta Dulcineia Santos e o engenheiro civil João Pedro Matos Fernandes), o Médio Tejo (arquiteta Guida Marques e a engenheira do Ambiente Érica Castanheira), a Albufeira do Alqueva (ateliê Pedrez Studio e a arquiteta paisagista Aurora Carapinha), o Rio Mira (Corpo Atelier e a antropóloga Eglantina Monteiro), a lagoa das Sete Cidades, na Ilha de São Miguel, Açores (Ilhéu Atelier de arquitetura e o geógrafo João Mora Porteiro), e as Ribeiras Madeirenses (Ponto Atelier e Ana Salgueiro Rodrigues).
A 18.ª Bienal de Arquitetura de Veneza conta com representações oficiais de 63 países, sendo Portugal e Brasil os únicos lusófonos presentes, mas entre os 89 arquitetos e gabinetes de arquitetura, na maioria de África e da diáspora africana, estão o Banga Colectivo, gabinete de arquitetura de Luanda e Lisboa, e o ateliê brasileiro Cartografia Negra.
O pavilhão do Vaticano, que é também inaugurado oficialmente hoje, tem como comissário o cardeal Tolentino de Mendonça e conta com a instalação “O Encontro”, do arquiteto Álvaro Siza.
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