Na página oficial, a Biblioteca Nacional de Portugal explica que Clara Rocha, filha do escritor Miguel Torga (pseudónimo literário de Adolfo Correia da Rocha) doou uma carta que o pai recebeu de Fernando Pessoa.
Datada de 6 de junho de 1930, a carta é um agradecimento de Fernando Pessoa a Miguel Torga, por este ter enviado o livro de poemas “Rampa” à revista literária Presença, tecendo ainda considerações sobre sensibilidade e inteligência.
Dirigindo-se a Miguel Torga como “prezado camarada”, Fernando Pessoa diz que gostou de ler a poesia de Miguel Torga, afirmando que tem uma sensibilidade “de tipo igual à do José Régio” e que “é confundida, em si mesma, com a inteligência”.
No entanto, Fernando Pessoa comenta: “O que em si é ainda por aperfeiçoar é o modo de fazer uso dessa sensibilidade”.
Na carta, em duas páginas digitalizadas e colocadas ‘online’ pela Biblioteca Nacional, Fernando Pessoa afirma ainda que “a arte não é mais do que uma manifestação distraída da inteligência”.
A frase é um parêntesis numa consideração do poeta sobre sensibilidade: “Intelectualmente - e portanto artisticamente - falando (a arte não é mais que uma manifestação distraída da inteligência), a sensibilidade é o inimigo”.
Miguel Torga (1907-1995), que admirava Fernando Pessoa, escreveu-lhe uma resposta a discordar daquela crítica “e expondo o seu ponto de vista”, lembra o Espaço Miguel Torga, de São Martinho da Anta (Vila Real), na página oficial.
Fernando Pessoa “escreverá de novo uma extensa carta desenvolvendo as suas ideias estéticas”, refere o Espaço Miguel Torga.
Segundo a Biblioteca Nacional, a carta de agradecimento de Fernando Pessoa (1888-1935) já tinha sido publicada em livros de correspondência tanto de Pessoa como de Torga, mas passa agora a estar incluída no espólio do poeta depositado nesta instituição.
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