
A edição - ainda sem data prevista - é anunciada no dia em que se assinalam os cem anos do nascimento do guitarrista, e alguns dias depois de a versão em CD ter sido incluída no livro-disco "Carlos Paredes - a guitarra de um povo", de Octávio Fonseca, publicado pela Tradisom.
A edição da Armoniz é "a primeira em formato LP da gravação do recital de Carlos Paredes que decorreu no Auditório Nacional Carlos Alberto, no Porto, nos dias 30 e 31 de março de 1984", o "primeiro concerto em nome próprio de Carlos Paredes registado no seu país", lê-se no comunicado da editora.
A atuação de Carlos Paredes, no Porto, foi promovida por Avelino Tavares (1938-2023), "fundador da revista, editora e produtora portuense Mundo da Canção", em 1969, "a quem a Armoniz pretende igualmente prestar a devida homenagem".
Esta edição do álbum ao vivo, sob o nome "Carlos Paredes 100 anos", "além de recorrer às fitas originais analógicas da gravação", reúne "diversos conteúdos raros e inéditos, nomeadamente a correspondência trocada entre Carlos Paredes e Avelino Tavares, os textos [dos críticos] Mário Correia e Viriato Teles, e as fotos do concerto da autoria de Luis Paulo Moura, a partir do arquivo completo sobre este evento, que se encontra atualmente na posse da editora Armoniz".
A edição especial em LP faz parte do catálogo "Portuguese Legendary Recordings", a par de outras "gravações históricas", como as do Quarteto 1111 (1970), de José Cid (1971) e de "Brackground" (1972), do Duo Ouro Negro, e às quais se juntará "Tédio", original de 1982 de Carlos Maria Trindade, segundo a editora.
O livro-disco "Carlos Paredes - a guitarra de um povo", de Octávio Fonseca, vem acompanhado da gravação de dois concertos do guitarrista, em CD: uma com a atuação no Porto; a outra com o recital de 1977 no 7.º Festival de Canção Política de Berlim, editada no álbum "Mestre da guitarra portuguesa", pela editora AMIGA, da antiga República Democrática Alemã (RDA), e que se mantinha inédito em Portugal.
No concerto do Porto, Carlos Paredes "faz exatamente o contrário do que era a norma nos concertos", disse Octávio Fonseca à Lusa, quando da edição do seu livro-disco. "Fala tanto como toca. Explica tudo o que está a tocar, de uma maneira incrível. É um testemunho absolutamente notável de como era o Carlos Paredes em palco. A genialidade dele como músico, mas também como pedagogo".
Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 16 de fevereiro de 1925, e morreu em Lisboa, em 23 de julho de 2004, cidade onde viveu desde a infância, depois de a família aí se ter fixado em 1931.
Filho do guitarrista Artur Paredes, outro nome maior da guitarra portuguesa, Carlos Paredes deu continuidade a uma linha familiar de gerações de músicos, mantendo-se leal ao estilo de origem, tocando a guitarra de Coimbra, com a afinação do fado de Coimbra.
Imprimiu, porém, uma abordagem pessoal, que o levou aos principais palcos mundiais e a trabalhos com outros grandes intérpretes, como o contrabaixista norte-americano de jazz Charlie Haden, com quem editou o álbum "Dialogues". O Kronos Quartet adotou "Verdes Anos" para o seu repertório.
Hoje, no dia em que se assinalam os cem anos do seu nascimento, realiza-se um concerto na Aula Magna da Universidade de Lisboa, com Ana Telles, A Garota Não, Gonçalo Lopes, Inês Vaz, Joana Bagulho, Luísa Amaro e Mário Laginha, entre outros músicos.
Também hoje, no Convento São Francisco, em Coimbra, o norte-americano Ben Chasny e o português Norberto Lobo dão mais um dos vários concertos da série de atuações sob o mote “Paredes”, de homenagem ao músico de “Verdes Anos”.
O programa de celebração do centenário do guitarrista, “Variações para Carlos Paredes”, a decorrer ao longo do ano, está disponível aqui.
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