“É um fechar de ciclo. Há mais concertos gravados, mas este foi um concerto histórico, porque marcava o regresso - que acabou por não o ser -, sendo por isso um concerto único”, o último da banda, explicou à agência Lusa Pedro Vindeirinho, da editora Rastilho.
O editor recusou, então, o convite para assistir a essa atuação de 12 de maio de 1999, na Queima das Fitas. “Arrependo-me todos os dias desta decisão”, confessa. É que esse espetáculo deu origem, em 2003, a “Ao vivo em Coimbra 1999”, “um disco histórico que permanece na memória de quem lá esteve”.
Recordar essa noite mais de duas décadas depois, com este lançamento - que em cassete e vinil acontece pela primeira vez -, “é uma forma de celebrar o legado e importância dos Censurados no rock português dos anos 90”.
Esta edição da Rastilho acontece porque Carlos Vales, o habitual técnico de som dos Censurados, conhecido por Cajó, “encontrou os DAT originais deste concerto”.
Pedro Vindeirinho tinha pouca esperança em que a qualidade justificasse o investimento, mas ficou “de boca aberta” com a qualidade do registo.
“[A gravação] Foi em 1999, mas poderia ter sido em 2019: a qualidade sonora está impecável” e, assim, com remasterização de Cajó, “as músicas que sempre conhecemos ganham uma força ainda maior”. Até porque neste álbum se mantiveram “os discursos lapidares do João Ribas [o vocalista da banda] entre as músicas”.
Desde 2014, a editora Rastilho lançou “Censurados”, originalmente editado em 1990, e “Confusão” (1991), além de diverso outro material e 'merchandising'.
“Os Censurados estão no coração de muita gente”, afirma o editor, reforçando a importância de “preservar o legado de bandas como esta”, que, “como muitas outras, são importantes no seu tempo”, mas depois “os discos não estão disponíveis e as novas gerações acabam por não conseguir chegar até elas”.
A Rastilho recuperou, por isso, os dois primeiros álbuns que estavam descatalogados, e resgata “Ao vivo Coimbra 1999”, cuja primeira versão saiu para o mercado com pouca qualidade de som.
Pedro Vindeirinho acredita que o disco será “muito bem recebido pelos fãs dos Censurados”, havendo “muita gente em Coimbra a comprá-lo porque esteve lá e tem boas memórias [do concerto]”.
“Queremos chegar ao máximo de pessoas possível, porque isto é património nacional. Os Censurados, como muitas bandas assim, vão continuar a ser relevantes. Tiveram uma carreira relativamente curta, mas deixaram marca na música portuguesa e é importante que os seus discos estejam disponíveis”, sustenta.
Numa mensagem partilhada pela editora, os elementos dos Censurados Samuel Palitos, Fred Valsassina e Orlando Cohen e a família de João Ribas (1965-2014) expressam a “mais profunda gratidão” a todos os que acompanharam a banda.
“Agora que se fecha um ciclo de reedições iniciado em 2014, queremos fazer desta edição uma forma de exprimir a nossa mais profunda gratidão a todos os que nos acompanharam nesta longa estrada de Censurados”.
“É que Censurados”, acrescentam, “sempre foi algo muito para além de nós os quatro. Parece que havia uma energia latente à espera que a banda existisse para se libertar e, sem limites, conquistar tudo e todos à nossa volta”, concluem.
“Ao vivo Coimbra 1999” vai ser reeditado em CD e, pela primeira vez, em cassete e vinil. Os suportes em CD e cassete são lançados a 04 de março, o LP vinil estará disponível a 17 de junho. A capa e contra capa é de Mackintóxico (Tó Trips), com adaptação gráfica de João Diogo Pereira.
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