Mas o célebre bailado musical vai finalmente percorrer as estrelas este sábado, quando a antena da Agência Espacial Europeia (ESA) transmitir uma interpretação ao vivo da valsa para o espaço, assinalando o 200.º aniversário do nascimento do compositor.

A Orquestra Sinfónica de Viena dará um concerto na capital austríaca a partir das 19h30 (hora de Lisboa), revelou Josef Aschbacher, diretor-geral da ESA, à AFP.

O concerto será transmitido em direto pela internet e exibido publicamente em Viena, em Nova Iorque (no Bryant Park), e perto da antena da ESA, em Espanha.

“O som digitalizado será enviado para a grande antena parabólica de 35 metros da estação terrestre de Cebreros”, explicou Aschbacher.

A partir daí, a valsa será “transmitida sob a forma de ondas eletromagnéticas”, acrescentou o responsável austríaco.

"Típico do espaço"

Nenhuma outra valsa de Strauss Jr. evoca com tanta força a elegância da Viena imperial do século XIX, que ainda vive através da vibrante temporada de bailes da cidade.

Para Norbert Kettner, diretor do departamento de turismo de Viena, O Danúbio Azul tornou-se num “verdadeiro hino não-oficial do espaço” graças a Kubrick.

A valsa intemporal é “o som típico do espaço”, afirma Kettner, apontando que já foi tocada “durante várias manobras de acoplagem da Estação Espacial Internacional (ISS)”.

No sábado, quando a obra for interpretada, a Orquestra Sinfónica de Viena vai destacar a leveza da música, como se estivesse a flutuar no espaço, garantiu o seu diretor, Jan Nast.

Segundo Nast, responsável pelo programa do concerto de uma hora intitulado “concerto interestelar”, a música é uma linguagem que “toca muitas pessoas” e possui “o poder universal de transmitir esperança e alegria”.

"A preencher uma lacuna"

Uma vez transmitido a partir da antena em Espanha, o sinal viajará à velocidade da luz e demorará cerca de 23 horas e 3 minutos a alcançar a sonda Voyager 1 da NASA – o objeto feito pelo ser humano mais distante no universo.

Depois de ultrapassar a Voyager 1, o som continuará a sua viagem interestelar.

Ao “alcançar” as sondas Voyager 1 e Voyager 2, a Áustria pretende também corrigir o que muitos consideram uma omissão.

Ambas as Voyager transportam os “Golden Records” – discos de cobre banhados a ouro com 12 polegadas, concebidos para contar a história do nosso mundo a possíveis civilizações extraterrestres.

O registo contém 115 imagens da Terra, gravadas em formato analógico, assim como sons e trechos musicais diversos.

Entre as 27 peças musicais incluídas está “A Flauta Mágica”, de Wolfgang Amadeus Mozart – também austríaco – mas não consta a célebre valsa de Strauss.