Uma das novidades da temporada consiste no dia do espectador, à quarta-feira – o primeiro no dia 19 -, com descontos nos ingressos para “colmatar um dia tradicionalmente mais fraco” e possibilitar a ida ao teatro de público “com menos hábitos ou posses”, anunciou o diretor artístico do Trindade na apresentação da programação, em junho último.
Com um investimento inicial de 300 mil euros, montante que pode aumentar face à possibilidade de divisão de receita de bilheteira com os coprodutores, a programação desta temporada do Trindade assentou numa “melhor gestão dos recursos e na aposta de espetáculos com carreira longa”, acrescentou Diogo Infante, na mesma ocasião.
O objetivo foi privilegiar “o teatro de texto, de narrativa e o trabalho de atores”, quer de autores clássicos, quer de contemporâneos, “com vista a fidelizar correntes de público”, acrescentou Diogo Infante, que, desde dezembro de 2017 dirige o teatro onde, há 27 anos, se estreou na encenação, com “O amante”, de Harold Pinter.
Mais tempo em cartaz marcará também esta temporada, com os espetáculos da sala Estúdio a permanecerem cinco a seis semanas em cartaz e os da sala Carmen Dolores — assim designada desde 11 de julho numa homenagem à atriz que ali se estreou no teatro e no cinema — a ficarem oito a dez semanas em cena.
“É a forma que encontrámos de podermos maximizar os recursos, reinvestir o investimento, porque estamos a trabalhar para o retorno” além de ser uma mais-valia para poder partilhar as receitas com os produtores dos espetáculos, possibilitando que todos trabalhem para o investimento, argumentou.
Uma das peças mais aplaudidas em todo o mundo na abertura da temporada
“A pior comédia do mundo”, do repórter, romancista e dramaturgo britânico Michael Frayn, nascido em Londres em 1933, a estrear-se na quarta-feira, na sala Carmen Dolores, abre a temporada 2018/2019 do Trindade.
Um texto “absolutamente delicioso” e uma das comédias mais representadas e aplaudidas em todo o mundo, como o define Fernando Gomes, que encena e interpreta com Ana Cloe, Cristóvão Campos, Elsa Galvão, Inês Aires Pereira, Jorge Mourato, José Pedro Gomes, Paula Só e Samuel Alves.
“Noises off” é o título original da peça que se estreou em 1982, em Londres, e que tem sido representada um pouco por todo o mundo, chegando a ser nomeada para um Prémio Tony de Melhor Espetáculo de Comédia.
Dez anos depois da estreia em teatro, “Noises off” (“Apanhados no Acto”, em português) foi adaptada para cinema por Marty Kaplan, num filme realizado pelo norte-americano Peter Bogdanovich e protagonizado por Carol Burnett e Michael Cayne, entre outros.
No dia seguinte, “Credores”, do dramaturgo sueco August Strindberg (1849-1912), numa encenação de Paulo Pinto interpretada pelo próprio, Sofia Marques e Ivo Canelas, estrear-se-á na sala Estúdio.
Uma ópera com libreto de Pedro Mexia, com que este se estreia na escrita operática, assinala ainda a nova temporada do Trindade, que é gerido pela Fundação Inatel.
O conto “O macaco do rabo cortado” foi o ponto de partida para “Canção do bandido”, que tem música e direção musical de Nuno Côrte-Real e encenação de Ricardo Neves-Neves a estrear-se, em novembro, na sala Carmen Dolores.
Uma peça-instalação para bebés e crianças até aos três anos, espetáculos de dança e oito espetáculos de música constam também da programação 2018/2019 do Teatro da Trindade, durante a qual Diogo Infante não subirá ao palco como ator.
Uma decisão que o próprio justificou como “uma gestão” da sua “energia” devido às outras responsabilidades inerentes à função, sem descartar que o venha a fazer, pois “haverá tempo para isso”.
Diogo Infante encenará, todavia, “Zoom”, peça do dramaturgo norte-americano Donald Margulies, a estrear-se em fevereiro de 2019, na sala Carmen Dolores. Também com tradução do diretor artístico do teatro, o espetáculo será interpretado por Sandra Faleiro, João Reis, Sara Matos e Virgílio Castelo.
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