O espetáculo, intitulado "Um Só Dia”, coincide com os 111 anos da Implantação da República, e tem origem num projeto da filha do autor de “Praça da Canção” (1965), Joana Alegre, que também participa na iniciativa, a decorrer no São Luiz - Teatro Municipal, com a interpretação de composições inéditas para poemas do pai.
De Manuel Alegre, Joana vai cantar, com música sua, “Um Só Dia”, que dá título à homenagem, “Poema Arma”, “Cavalos Brancos”, “Canção com Lágrimas, Palavras, Armas” e “Lisboa Ainda", que se tornou uma “composição coletiva” por muitos dos músicos que participam em “Um Só Dia”.
O espetáculo tem direção musical de André Santos.
Manuel Alegre completou 85 anos no passado dia 12 de maio, aniversário que esteve para ser assinalado, de forma idêntica, em 17 de setembro, no Centro de Artes de Águeda, no distrito de Aveiro, mas que foi adiado para o próximo dia 13 de dezembro, disse hoje Joana Alegre à agência Lusa.
“Um Só Dia” inclui ainda, no palco do S. Luiz, Agir, Ana Bacalhau e Cristina Branco.
No alinhamento serão relembradas, com novos arranjos, canções célebres sobre poemas de Alegre, como “Meu Amor é Marinheiro” e “Trova do Tempo que Passa”, dos repertórios de Amália Rodrigues e Adriano Correia de Oliveira.
O convite a Maria Bethânia deve-se ao facto de a cantora ter gravado uma versão de “Meu Amor é Marinheiro” e incluir, “numa interpretação dramática”, o poema “Senhora das Tempestades”, também de Manuel Alegre, que juntou em “Assombrações” (música e letra de Tite Lemos e Suely Costa), peça lançada em 1971, no álbum “Rosa dos Ventos”.
A obra vai ser interpretada no S. Luiz com um novo arranjo musical de André Santos, interpretada por Ana Bacalhau, disse à Lusa Joana Alegre.
Ao mesmo tempo, esta contribuição “sublinha a dimensão transatlântica" de Manuel Alegre, disse a cantora.
Maria Bethânia enviou "um áudio com uma mensagem para o poeta", em que também recita o poema "Senhora das Tempestades".
Sobre a iniciativa, que espera voltar a acontecer noutros palcos, Joana Alegre afirmou que “é gratificante ver toda esta disponibilidade da comunidade artística em homenagear um poeta que, curiosamente, nunca escreveu concretamente para ser cantado”.
Joana Alegre adiantou à Lusa que "Um Só Dia" deverá ser editado em disco.
Também em outubro vão sair dois títulos de Manuel Alegre: reedição de “Um Barco para Ítaca”, 50 anos depois, e o novo regresso à ficção, com “Tentação do Norte”, segundo a sua editora, as Publicações Dom Quixote.
“Um Barco para Ítaca” surgiu originalmente em 1971, quando o autor estava exilado em Argel, tendo sido reeditado pela Centelha, em 1974, e levado à cena, nesse ano, numa encenação de Norberto Barroca, na Casa da Comédia, em Lisboa.
Mais tarde, o texto também foi apresentado, por Vasco Pereira da Costa, no Teatro Gil Vicente, em Coimbra.
Uma 3.ª edição foi publicada na Planeta de Agostini.
”Um Barco para Ítaca” foi também incluído em “30 Anos de Poesia”, de Manuel Alegre, edição que foi prefaciada por Eduardo Lourenço.
Esta nova edição de “Um Barco para Ítaca” é colocada no mercado no mesmo dia em que o espetáculo “Um Só Dia” sobe à cena na sala do Chiado, sendo a primeira, isolada, com a chancela das Publicações D. Quixote.
“Tentação do Norte” é “uma história de amor e de luta política, carregada de simbolismo, que é contada com o ritmo e a prosa poética que imediatamente associamos a Manuel Alegre, que com esta pequena grande novela regressa à ficção depois do romance ‘Tudo É e Não É’, publicado em 2013”.
“Tentação do Norte” chega às livrarias a 12 de outubro.
Manuel Alegre recebeu este mês o Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, pelo seu livro “Quando”.
Em 2017 foi o 12.º autor português distinguido com o Prémio Camões, o mais importante da literatura de Língua Portuguesa.
Em 1999, foi galardoado com o Prémio Pessoa.
Paralelamente à sua carreira literária, Manuel Alegre, natural de Águeda, foi deputado pelo Partido Socialista, durante 34 anos, e por duas vezes, em 2006 e 2009, candidato à Presidência da República.
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