Marta Martins, diretora executiva da Artemrede, disse hoje à Lusa que o festival cruza o espetáculo de marionetas e o teatro de objetos “com outros discursos e outras áreas”, visando diferentes públicos e decorrendo em diferentes locais — desde teatros a ruas e praças, mas também associado a percursos que levam os visitantes a conhecer monumentos e património.
Os 20 eventos programados — 13 espetáculos, quatro oficinas, uma instalação de luz e música e duas videoinstalações criadas especificamente para espaços de Tomar (distrito de Santarém) e de Sobral de Monte Agraço (Lisboa) — vão acontecer em Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Pombal, Santarém, Sobral de Monte Agraço e Tomar.
Para Marta Martins, o envolvimento de grupos de espectadores — designados por Visionários — na escolha de parte da programação, num processo participativo que envolveu visionamento das ofertas disponíveis e muita discussão, mediada por programadores locais, constitui o “aspeto mais inovador” do festival.
Este processo, que aconteceu em cinco dos seis concelhos da zona Centro, permite aos espectadores “perceberem como se constrói a programação, o que está por detrás de cada decisão, desde as necessidades técnicas ao orçamento, à necessidade de respeitar um ‘plafond'”, referiu.
“É um passo mais à frente na participação cultural”, afirmou, sublinhando que o nível de envolvimento revelou um potencial que os próprios municípios estão a querer levar para outras áreas da programação concelhia.
Marta Martins afirmou que o Manobras apresenta “uma programação diversificada”, ajustada à dimensão e às lógicas de cada localidade, procurando “apresentar projetos de qualidade em formatos diversificados, de várias disciplinas e para diferentes faixas etárias”.
Como ‘ex libris’ da programação desta segunda edição do festival, apontou a ópera barroca com marionetas “Guerras do Alecrim e Mangerona”, uma coprodução da Artemrede com o Cistermúsica que junta os Músicos do Tejo e a S.A. Marionetas, com recurso a marionetas à escala humana, num espetáculo que será exibido no dia 14 de outubro às 16:00 no Teatro-Cine de Pombal, no dia 19 desse mês, às 21:00, no Cineteatro Paraíso em Tomar, no dia 20, às 21:30, no Cineteatro S. João em Palmela e no dia seguinte, também à noite, em Abrantes.
A diretora da Artemrede referiu ainda as iniciativas que aliam a apresentação de espetáculos a visitas a lugares patrimoniais, como a que a companhia belga Tof Théâtre vai apresentar em espaços como o Museu do Vinho de Alcobaça (29 de setembro à tarde), o Centro de Interpretação das Linhas de Torres, em Sobral de Monte Agraço (5 de outubro), o complexo Cultural da Levada, em Tomar (6 de outubro), ou o castelo de Pombal (dia 7).
O festival integra ainda dois filmes/instalações encomendados ao realizador António-Pedro, um “Passeio a Sobral” e “Levada Sem Fim”, que irão ficar em permanência em Sobral de Monte Agraço e em Tomar, respetivamente.
Marta Martins afirmou que o financiamento obtido no Programa Operacional Centro 2020 permitiu que a Festa da Marioneta, organizada pela Artemrede desde 2009, assumisse o cariz de festival com uma componente internacional, com forte ligação ao património e ao território, acreditando que esta nova dimensão da iniciativa permanecerá mesmo depois de findo o apoio comunitário.
Para a diretora da Artemrede, além da obtenção de financiamento, a associação tem permitido “dar outra escala” à programação dos municípios associados e facilitado o trabalho em conjunto, levando os municípios a “conjugar recursos e a pensar de forma mais integrada com os seus pares, o que desafia para projetos que sozinhos teriam dificuldade de realizar”.
O festival conta com espetáculos das companhias Toutito Teatro (França), Tof Théâtre (Bélgica), Teatro de Marionetas do Porto, NUNCA, PIA — Projetos de Intervenção Artística, Red Cloud Teatro de Marionetas, S.A. Marionetas com os Músicos do Tejo, e Radar 360º, que encerra o festival na noite das Bruxas (31 de outubro) com “Festopia”, um espetáculo-festa que contará com a participação da comunidade de Pombal.
A iniciativa arranca no próximo dia 14, às 17:00, com o espetáculo “Muita Tralha Pouca Tralha”, de Catarina Requeijo, Formiga Atómica, na praceta António Luís Borges, em Sobral de Monte Agraço, dia em que a Praça da República, em Tomar, recebe, às 21:30, “Entremundos”, pelos PIA — Projetos de Intervenção Artística.
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