O festival de Veneza anunciou hoje a programação oficial da 79.ª edição e entre os filmes selecionados está “A noiva”, de Sérgio Tréfaut, que integrará a competição da secção “Horizontes”.
“A noiva”, que fará a estreia mundial em Veneza, é uma ficção inspirada em histórias reais de raparigas que se juntaram a combatentes pelo autoproclamado Estado Islâmico, e foi rodado no Curdistão iraquiano.
“Não tenho nenhum interesse particular na questão dos extremismos. Fui estudando o que se disse sobre os grupos de pais de jihadistas que foram embora e não entendiam o que tinha acontecido aos filhos. Eu tenho uma visão que não é nada religiosa ou política sobre a história. É tentar entender aqueles adolescentes que escorregaram na casca da banana”, disse Sérgio Tréfaut à Lusa, no final de 2020, pouco antes de iniciar a rodagem do filme.
Segundo a sinopse, o filme centra-se numa adolescente europeia que foge de casa para casar com um guerrilheiro do Daesh.
“Três anos mais tarde a sua vida mudou dramaticamente. Vive num campo de prisioneiros no Iraque. Agora é mãe de dois filhos e está grávida outra vez. É uma viúva de 20 anos e será brevemente julgada pelos tribunais iraquianos. O que a experiência da guerra e a lavagem cerebral lhe fizeram”, lê-se na sinopse.
“A noiva” conta com as interpretações de Joana Bernardo, Hugo Bentes e Lola Dueñas.
Da programação hoje anunciada, entre os filmes fora de concurso estará “When the waves are gone”, do realizador filipino Lav Diaz, que conta com coprodução portuguesa, pela Rosa Filmes.
Na Semana da Crítica de Veneza, um programa paralelo do festival, tinha já sido anunciada a inclusão do filme “O sangue” (1989), primeira longa-metragem de Pedro Costa, em versão restaurada.
A 79.ª edição do Festival de Cinema de Veneza decorrerá de 31 de agosto a 10 de setembro, abrindo com “White Noise”, de Noah Baumbach, um dos filmes da competição oficial pelo Leão de Ouro.
Da competição oficial anunciada hoje pelo diretor artístico, Alberto Barbera, estará também “No Bears”, do realizador dissidente iraniano Jafar Panahi, detido este mês em Teerão e que terá de cumprir uma pena de seis anos de prisão.
“No Bears” “é o quarto filme de Jafar Panahi rodado em condições de clandestinidade”, sublinhou Alberto Barbera, recordando que o festival de Veneza já condenou a detenção de Panahi e de outros dois realizadores iranianos, Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad, por críticas ao regime de Teerão.
Da competição oficial farão parte ainda “The Whale”, de Darren Aronofsky, “Tár”, de Todd Field, “Bardo, falsa crónica de unas cuantas verdades”, de Alejandro G. Iñárritu, “Saint Omer”, de Alice Diop, ou o documentário “All the beauty and the bloodshed”, de Laura Poitras, sobre a fotógrafa norte-americana Nan Goldin.
Fora de competição, além do filme de Lav Diaz estarão, por exemplo, “Don’t worry darling”, de Olivia Wilde, com Florence Pugh e Harry Styles, “The Kiev Trial”, de Sergei Loznitsa, e “Nuclear”, documentário de Oliver Stone.
Serão ainda revelados episódios das séries “Riget Exodus”, de Lars von Trier, e “Copenhagen Cowboy”, de Nicolas Winding Refn.
A atriz norte-americana Julianne Moore vai presidir ao júri internacional.
A realizadora portuguesa Ana Rocha de Sousa vai fazer parte do júri do prémio “Luigi de Laurentiis”, destinado a primeiras obras.
Serão atribuídos dois prémios de carreira – Leão de Ouro – ao realizador norte-americano Paul Schrader e à atriz francesa Catherine Deneuve.
Comentários