Arrumados os séculos, nos últimos anos do passado recente, o Funchal, assumiu a sua centralidade insular, afirmou a sua unicidade e projetou as suas virtudes, pelos quatro cantos do mundo, fosse por ser um destino idílico de flores e paisagens verdejantes, pela simpatia com que os locais brindam os veraneantes, pelo rol de festividades e cortejos, que fazem desta cidade, um sítio único para se viver.
É certo, que o desenvolvimento trouxe melhores acessibilidades e funcionalidades, mas também maleitas, para o território e para os que lá vivem, não faltaram excessos e enviesamentos da ordem natural das coisas, mas a verdade é que neste momento, urge ao Funchal, saber o que quer, se mais um destino fantasia standartizado, com tudo o que um destino deve ter, ou aquele reduto que, por ser incompleto, o torna único e imprevisível, obrigando a quem o vive e visita, a descobri-lo à sua maneira no dia-a-dia, em modo de no agenda.
O Funchal, é por isso, um desafio acrescido para quem se propõe a governá-lo, tem especificidades como o Ribeiro da Nora e o sítio dos 3 Paus à Viana, tem Avenidas como a do Mar e das Comunidades, e a do Infante e da Arriaga, tem becos com o do Tremoceiro e da Princesa, tem ruas que sobem a 31 de Janeiro e descem a 5 de outubro, tem Jardim Botânico e Municipal, tem Teatro, tem a freguesia maior do mundo, a da Sé, que vai da Rua da Carreira, à Ilha Selvagem pequena, no mais extremo sul de Portugal.
Por tudo e muito mais, gerir uma cidade como a do Funchal implica um equilíbrio entre o local e o visitante, entre o profano e o sagrado, entre a história e a vanguarda, pois o que tem para oferecer é ainda não ser uma cidade adulta e finalizada, nomeadamente no que diz respeito à sua convivência com o seu vizinho natural, o mar, que a envolve a Sul, e lhe empresta vivacidade e cor, mas que teima em ser um parceiro distante e incompreendido.
Talvez que por isso, se deva incluir o mar na cidade, justiçando quem no passado a fez famosa permitindo a sua descoberta e o seu desenvolvimento algures no Atlântico, urge assim potenciar o mar como extensão natural da cidade, projetando-a em palcos inéditos, potenciando as atividades náuticas e trazendo a população mais perto deste, vivendo-o, culminando assim o seu desenvolvimento pleno e fazendo assim o Funchal, o check-in completo com a Natureza.
Sérgio Jesus é Presidente da Associação Regional de Vela da Madeira. Tem 40 anos e é um entusiasta da vela e dos desportos náuticos. É economista de formação, desenvolve a sua actividade na consultoria a empresas. Divide o seu tempo entre a família, o escritório e o Mar, estes últimos separados por escassos 50 metros. Vive no Funchal a meia encosta, desde sempre, adora e vive a sua cidade durante todo o ano de dia e de noite, e pratica o que designa de “welcomismo”, o guia turístico espontâneo que interpela e auxilia quem visita a sua cidade, para que possa tirar o máximo proveito desta.
A Minha Terra é uma rubrica especial do SAPO 24 em que várias pessoas são convidadas a falar da sua terra, "à boleia" das eleições autárquicas do próximo dia 1 de outubro de 2017.
Comentários