“Vou contar através da música muitas das histórias que vivi, e que são muitas mesmo, nestes 50 anos de uma carreira bastante diversifica e em que todos os momentos foram muito significativos”, disse Gal Costa em entrevista à agência Lusa.
“Eu considero-me uma cantora muito emblemática, pois comecei influenciada pela Bossa Nova, mas eu ouvi toda a geração anterior a mim, pois cantei ainda antes de falar”, afirmou a artista, referindo em seguida o movimento “Tropicalismo” com o qual se comprometeu.
Gal Costa apresenta-se nos dias 10 e 11 de novembro no Campo Pequeno, em Lisboa, e no dia 12 no Coliseu do Porto, acompanhada pelo músico Guilherme Monteiro, no violão e na guitarra.
“A minha carreira tem uma riqueza de detalhes e uma riqueza musical, que vou partilhar com o público português”, disse.
Guilherme Monteiro, “filho de mineiro com carioca”, trabalha em Nova Iorque, em clubes de jazz e acompanhando diversos músicos norte-americanos em estúdio, tendo conhecido Gal Costa quando esta apresentou “Recanto” (2011) no Rio de Janeiro.
“Eu e o Guilherme nos entendemos muito bem, não só musicalmente, como pessoalmente. Eu gosto de ter uma ligação e uma afetividade com os meus músicos”, declarou.
Gal Costa atua em Lisboa e no Porto no âmbito da digressão “Espelho d’Água”, para a qual contou com a colaboração do jornalista e produtor musical Marcos Preto na escolha do repertório.
“O Marcos Preto conhece toda a minha carreira, do princípio ao fim, é muito conhecedor de tudo o que eu fiz, ele é um parceiro de trabalho excelente”, afirmou a intérprete de “Meu Bem, Meu Mal” que acrescentou: “Garimpámos várias canções para escolher as mais emblemáticas, que são as que vamos apresentar”.
Dos diversos álbuns, desta seleção ficou de fora "Estratosférica", "um álbum meio roqueiro", que editou em 2015.
“Modinha para Gabriela”, “Baby”, “Meu nome é Gal”, “Tigresa”, “Meu Bem, Meu Mal” são algumas das canções que fazem parte do alinhamento que vai apresentar em Portugal, onde atua antes de iniciar uma digressão pela Europa.
Relativamente a Portugal, Gal Costa considerou que “a ligação é fácil” e que começa pelo facto de o avô ser da ilha da Madeira e de também a avó ser filha de portugueses.
Gal Costa completou 50 anos de carreira em 2016, tendo desde então realizado diversos espetáculos, mas as celebrações não param a sua procura por "coisas novas", tendo a artista afirmado à Lusa que continua a procurar reinventar-se nunca deixando de ser coerente.
Gal Costa, 72 anos, de seu nome de registo Maria da Graça Costa Penna Burgos, natural de Salvador da Bahia, estreou-se em agosto de 1964, no espetáculo “Nós, por exemplo”, ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Participou no I Festival Internacional da Canção, em 1966, no Rio de Janeiro, e, no ano seguinte, editou o seu primeiro álbum, “Domingo”, iniciando um percurso discográfico que conta 30 álbuns de estúdio e nove gravados ao vivo, alguns destes com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.
Em janeiro do ano passado, foi apontada como “uma das maiores vozes do Brasil”, pela edição local da revista Rolling Stone, que destacou o facto de, aos 70 anos, Gal Costa continuar a renovar o seu público.
A revista Veja, de fevereiro do ano passado, fazendo um balanço do cinquentenário artístico da cantora, referiu-se a Gal Costa como “musa eterna do Tropicalismo”, que “não parou no tempo” e se “continua reinventando”.
Gal Costa tem atuado regularmente em Portugal. Uma das suas últimas digressões, em 2013, passou por Coimbra, Porto e Lisboa.
Voltar a Portugal é, para a cantora, “matar saudades de um público e de um país onde se é feliz”.
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