Quem vai reinar no território imaginário de Westeros? Já há quem coloque dinheiro ao barulho, de acordo com Rupert Adams, da casa britânica de apostas William Hill. E, de momento, o silencioso Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) aparece como o favorito, à frente dos mais glamorosos Jon Snow (Kit Harington) e Daenerys Targaryen (Emilia Clarke).
Há vários meses que os fãs discutem o fim da série, descrita como a mais ambiciosa da história da televisão, uma vez que a última temporada custou 15 milhões de dólares por episódio, segundo a revista Variety. O primeiro dos seis episódios da oitava temporada será exibido no domingo 14 de abril pela HBO (2h00 de 15 de abril em Portugal).
"Estou tão animada que comprei a edição limitada de Johnny Walker [com as cores da série] e eu nem bebo uísque", afirmou Lauren Christison à AFP ao descrever a sua expectativa para o episódio de estreia, que deve assistir ao lado da irmã, a responsável pelo seu fanatismo. E remata: "já existiram séries viciantes, mas nunca a este nível".
"Eu acho que a Guerra dos Tronos prende as pessoas por causa dos temas poder, amor, família, pelas convicções estão presentes em cada personagem", destaca Christison.
Os 67 episódios exibidos desde 2011 — e também os livros de George R. R. Martin (As Crónicas de Gelo e Fogo) que foram a base da série — abriram aos fãs a um universo quase ilimitado. O site de referência 'Archive Of Our Own' (AO3) regista mais de 22.000 "fanfictions" [escritos de ficção criada por fãs] derivados de "Game of Thrones".
A popularidade ficou bem patente quando no ano passado a convenção 'Con of Thrones' recebeu 5.000 pessoas em Nashville, no Estado do Tennessee, nos Estados Unidos. E Melissa Anelli, presidente da empresa organizadora, a Mischief Management, espera um número similar este ano, em julho. "O nível de envolvimento dos fãs é enorme", explica.
Sombria, com uma complexidade incomum, violenta e medieval, "Game of Thrones" não apresentava o perfil típico de um sucesso diante do grande público, mas a sua inspiração épica e a profunda dimensão humana seduziram uma vasta e internacional audiência.
"O arco da história é tão vasto que pode agradar a vários tipos de telespetadores", observa Lisa Woolfork, professora de Literatura da Universidade da Virginia, nos EUA, que oferece um curso sobre GoT — sobre o qual poderá saber mais neste artigo do Wall Street Journal [artigo para subscritores]. "A intriga política, o drama familiar, a ficção histórica, as espadas e a feitiçaria, todos os estilos estão representados", reiterou à AFP.
Valerie Garver, professora de História Medieval na Universidade de Northern Illinois, também nos Estados Unidos, que também oferece um curso sobre a Guerra dos Tronos, ressalva que a série também "é um incrível comentário sobre o mundo moderno, apesar de ser uma fantasia".
Garver cita a famosa e recorrente frase "Winter is Coming" ("O inverno está chegar"), que prevê uma temperatura glacial em breve, mas que talvez também pode ser considerada um presságio para o fim do mundo, e na qual George R.R. Martin reconheceu uma possível aceno alegórico para a emergência da mudança climática do mundo real. O tema, aliás, é um elemento central da última temporada, com a ameaça de Knight King e o seu exército de White Walkers.
"O que é que as pessoas fazem quando aparece um problema que parece não ter solução e que poderia destruir a humanidade?", resume. "Vão tentar resolvê-lo ou vão prestar atenção a coisas que parecem mais imediatas?", questiona.
Embora alguns considerem que a série poderia ter mais uma ou duas temporadas, a maioria dos fãs aceita o fim iminente, incluindo Lauren Christison, que disse estar "pronta para o choque de quem vai viver e quem vai morrer".
Para Melissa Anelli, a paixão por "GoT" não acabará a 19 de maio, data de exibição do último episódio. Apesar de não ter decidido se organizará uma convenção de fãs em 2020, Anelli acredita que "assim como com Harry Potter, a comunidade de fãs vai continuar a existir".
O sexto livro de George R.R. Martin, muito aguardado, deve atiçar a chama, assim como a próxima série da HBO baseada no universo do escritor (uma "prequela"), situada antes do início da história da Guerra dos Tronos.
*Por Thomas URBAIN da agência France-Press (AFP)
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