“Uma menina está perdida no seu século à procura do pai”, a partir do romance homónimo de Gonçalo M. Tavares, tem encenação e dramaturgia de Marco Paiva, e está em cena na sala principal do TNDM até domingo.
Em declarações à agência Lusa, Marco Paiva afirmou que um dos desafios que enfrentou foi o facto de partir de um romance e não de um texto dramático.
“Havia uma grande vontade em pegar neste romance e transformá-lo noutro objeto, num espetáculo de teatro. Este foi o primeiro desafio. Depois, a história base do romance fala de uma menina, Hanna, que é portadora de trissomia 21, que se encontra num cenário de pós II Grande Guerra, à procura do pai, e o outro desafio foi passar um pouco por cima desta questão da trissomia 21 e focar-nos noutra coisa que o livro aborda, que é a preservação da memória”, afirmou.
O elenco do grupo Crinabel é constituído por atores portadores de deficiência intelectual ou física, e existe há 30 anos, um projeto iniciado pelo ator Francisco Braz, do qual Marco Paiva faz parte desde 2000 e, há oito anos, como diretor artístico.
“A questão da deficiência que está presente no livro acaba por se diluir, quando existe num elenco onde não há só uma pessoa que tenha deficiência intelectual, mas várias. Aquela característica específica da personagem Hanna deixa de existir, pois ela de repente contracena com outra personagem que o autor não escreveu como tendo deficiência, mas que, no elenco, tem. Sem grande esforço a questão da deficiência [na peça] diluiu-se”, referiu.
O elenco é constituído por Ana Rosa Mendes, Andreia Farinha, António Coutinho, Carlos Jorge, Carolina Sousa Mendes, Filipe Madeira, Hugo Fernandes, Joana Honório, João Leon, João Pedro Conceição, Manuel Coelho, Nelson Moniz, Paula Mora, Ricardo Peres, Rui Fonseca e Tomás Almeida.
“Uma menina está perdida no seu século à procura do pai” inicia, na próxima semana, uma digressão nacional, cuja primeira etapa é em Montemor-o-Novo, e termina no dia 03 de dezembro, em Torres Novas.
A Crinabel (Crianças de Santa Isabel) é uma cooperativa sem fins lucrativos, que foi fundada em 1975, em Lisboa, por um grupo de pais e outras pessoas ligadas à reabilitação de crianças e jovens com atraso no desenvolvimento.
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