Rui Cardoso Martins junta-se ao É Desta Que Leio Isto no próximo encontro, marcado para dia 17 de julho, uma quarta-feira, pelas 21h00. Consigo traz o seu novo romance "As melhoras da morte", editado pela Tinta-da-China.
Antes do encontro, o autor conta ao SAPO24 como teve a ideia para este livro. "Ia no carro e de repente surgiu-me este regresso a uma expressão que ouvi quando era mais pequeno, no Alto Alentejo, e que é uma expressão usada em Portugal que tem a ver com esse fenómeno de quando as pessoas parece que melhoram uns instantes antes da morte para se despedirem dos entes queridos. Depois juntei isto com outra expressão, as boas melhoras, que se usa muito em Portalegre. No fundo, é um regresso de Cruzeta, uma personagem que criei há 20 anos, à sua terra. Há que prestar algumas explicações sobre o que andou a fazer, mas também irá pensar nas várias coisas que lhe aconteceram, de uma perspetiva cómica e trágica".
Este romance chega dez anos depois do último publicado pelo autor. "No Alentejo podemos matar-nos, mas não há-de ser de aborrecimento. A morte apoteótica de um amigo leva Cruzeta de volta ao Alentejo. Muitos anos e viagens passaram até chegar o dia do regresso à terra onde até o coveiro se mata, a mesma de 'E Se Eu Gostasse Muito de Morrer', para mais uma grande aventura interior, dores e alegrias, fantasmas e afetos", pode ler-se na sinopse da obra.
Sobre a demora em publicar novo livro, Rui Cardoso Martins nota que foi efeito de várias questões. "Tive de facto de fazer muita coisa e não me apercebi a princípio, quando falei na hipótese de publicar um novo romance, não só da carga de trabalho que teria com televisão e com cinema e com outras coisas, como a crise de covid pelo meio. E também porque, na verdade, este livro precisava de mais tempo do que eu tinha percebido. Mas está feito e estou muito contente".
"Creio que está a ser muito bem recebido. As pessoas que lerem decidirão, mas a melhor definição foi o que algumas pessoas já me disseram, que riram e que choraram. Acho que não há coisa mais forte que se possa dizer sobre um livro, porque de facto é também uma comédia negra, mas bastante cómica sobre coisas sérias", evidencia.
Num mundo com tanto motivo de distração, os livros ainda são ponto de encontro. "Eu acho importantíssimo que se leia, até porque tudo está unido pela linguagem, e as pessoas quando deixam de conseguir e de saber ler e de interpretar acabam também por sentir e por pensar muito pior. A tecnologia até é boa para ler, nada contra ler as coisas num aparelho, mas aquilo que nos faz humanos passa muito pela leitura e, antes disso, pela escrita".
A dias do encontro, o autor deixa ainda algumas sugestões de leitura que podem servir de rede de apoio para a obra que escreveu. Em primeiro lugar, "Crime e Castigo, de Fiodor Dostoievsky, pelas implicações que tem neste livro" e, logo de seguida, "E Se Eu Gostasse Muito de Morrer", escrito por Rui Cardoso Martins "mas que não é preciso ler para ler este" que vai estar em análise no É Desta Que Leio Isto.
"Por último, gostava de destacar uma peça de teatro 'À Espera de Godot', de Samuel Beckett, um livro em que há uma personagem que diz 'vocês não sabem do que são capazes os nossos crepúsculos', que é uma frase espantosa e que muito me diz como alentejano do nordeste alentejano", remata o autor.
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Rui Cardoso Martins venceu o Grande Prémio de Romance e Novela APE 2009 e o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários APE 2017. Foi também o argumentista de filmes como "A Herdade" e "Zona J" e das séries policiais "Sul", "Causa Própria" e "Matilha" (RTP).
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