"Há qualquer coisa na Cruella que é aliciante, ela é quem é, totalmente personificada", afirmou a atriz, que também serviu como produtora executiva na prequela. Entre a jovem designer Estella e o seu alter ego que acaba por se tornar dominante, Emma Stone disse preferir Cruella.
Considerando que este é um filme "mais sombrio" do que aquilo a que a audiência está habituada a ver na Disney, a atriz disse que a película explora a dicotomia entre o que é inato e o que é adquirido na natureza humana.
"As suas fraquezas, como volatilidade e reatividade, tornaram-se forças através da sua criatividade e genialidade. Penso que este é um filme sobre como as nossas fraquezas se tornam pontos fortes", afirmou Stone, que venceu o Óscar de Melhor Atriz por "La La Land" em 2017.
"Mas esta não é necessariamente uma personagem aspiracional", avisou, "salvo no facto de que aproveita a sua criatividade de uma forma decisiva e aprendeu a aceitar quem é de forma inata".
A história de Estella (que mais tarde se torna Cruella) contada no filme situa-se nos anos setenta do século XX, em Londres, quando o movimento punk estava a assomar-se em toda a sua glória.
A audiência verá como uma jovem designer, com paixão pela moda e dois amigos que são família, se transformará na terrível vilã interpretada por Glenn Close no filme "Os 101 Dálmatas", de 1996. Close é, inclusive, uma das produtoras executivas do novo filme.
"A personagem original Cruella de Vil enfia-se por caminhos muito sombrios, e eu não diria que isso é uma coisa positiva", frisou Emma Stone.
Na produção realizada por Craig Gillespie, a antagonista de Estella/Cruella é a ‘super designer’ de luxo Baronesa, encarnada por Emma Thompson.
"Diverti-me muito a interpretá-la", afirmou Thompson na conferência de imprensa. "Andava há anos a pedir para ser uma vilã como deve ser".
Descrevendo a Baronesa como uma mulher dura, a atriz salientou que é pouco frequente haver papéis assim no grande ecrã. "Estou muito interessada no lado sombrio de uma personagem feminina, porque raramente lhe permitem isso. É suposto sermos todas simpáticas e boas, não é? E más mães então são simplesmente imperdoáveis".
A atriz traçou um paralelo entre o caráter "mau e narcisista" da Baronesa e várias pessoas que já encontrou no mundo do espetáculo.
"Descobri que fazer de má foi muito fácil", afirmou. "A Baronesa é uma mistura de todo o tipo de pessoas. Ela é muito venal, mas a sua ganância é apenas para si própria. Não admite que qualquer outra pessoa tenha sucesso", descreveu Thompson.
"Parece ter uma forte personalidade, mas na verdade é fraca e contém dentro de si as sementes da sua própria destruição".
Thompson chamou a atenção para o facto de todas as façanhas no filme serem reais e disse que se identificou com a era em que a ação se passa, já que ela própria vivia em Londres nos anos setenta.
A atriz inglesa, que tem em casa dois Óscares da Academia, falou também do papel importante que o guarda-roupa teve na construção desta personagem maligna.
"Os vestidos é que me usaram", gracejou, comparando as complexas vestimentas criadas por Jenny Beavan (vencedora do Óscar em 2016 por "Mad Max") a "armações de navio".
"Havia pessoas a puxarem cordas. Ir à casa de banho era difícil e envolvia toda uma equipa", revelou. "Os sapatos também foram um desafio, porque não uso nada mais alto que chinelos na vida real".
A personagem de Emma Thompson é crucial para o aparecimento de Cruella e da sua sede de vingança, afastando-se cada vez mais da sonhadora Estella.
Para Emma Stone, isso permite ao espectador enveredar por uma perspetiva diferente do que é esta conhecida vilã.
"Por muito que ela seja a Cruella dos 101 Dálmatas, de certa forma não o é", explicou. "Porque pegámos nesta personagem e criámos uma história inteiramente nova".
Emma Stone contou como a ideia surgiu e demorou vários anos a tomar forma, tendo ela estado envolvida na construção da história e da personagem, praticamente desde o início.
"Eles deixaram mesmo o Craig [Gillespie] e o Tony [McNamara] fazerem o filme que queriam fazer", disse a atriz. "É mais sombrio do que qualquer coisa que eu tenha visto a Disney fazer há um bom tempo".
"Cruella", que também conta com Joel Fry, Paul Walter Hauser, Emily Beecham e Kirby Howell-Baptiste, entre outros, estreia-se nos cinemas a 28 de maio. Também estará disponível no Disney+ Premier Access até agosto.
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