“Ocorreu uma situação enquanto esperávamos para subir ao palco e participar no desfile de artistas, pelo que pedi a atenção urgente da EBU. A EBU levou este assunto a sério e discutimos que medidas tomar”, explicou, nas redes sociais, Bambie Thug, artista que se assume como não-binário.
Thug pediu desculpas aos fãs por ter falhado o ensaio e terminou a sua mensagem com uma nota que deixa no ar a sua presença na final: “Espero ver-vos no palco esta noite”.
A Irlanda não foi a única ausência no desfile, já que os representantes da Grécia e da Suíça, Marina Satti e Nemo, também não subiram ao palco naquele momento do ensaio.
Estas ausências ocorrem logo após o representante dos Países Baixos, Joost Klein, ter sido desclassificado do festival pela EBU por um “incidente” com uma pessoa da produção do concurso que está a ser investigada pela polícia sueca.
“Temos uma política de tolerância zero relativamente a comportamentos inadequados no nosso evento […]. À luz disto, o comportamento de Joost Klein para com um membro da equipa é considerado uma violação das regras”, explicou a EBU no seu comunicado.
Os candidatos da Grécia, Suíça e Países Baixos participaram na conferência de imprensa após a segunda semifinal juntamente com a representante de Israel, cuja presença durante todo o festival foi altamente contestada pela ofensiva militar do seu país em Gaza.
Durante a conferência de imprensa, ocorreram alguns episódios retratados pelos meios de comunicação, como quando Marina Satti fingiu estar a dormir durante uma intervenção da israelita.
Na mesma ocasião, um jornalista polaco perguntou à cantora israelita sobre a sua responsabilidade no mais alto nível de alerta terrorista que Malmö estava a viver: “Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos! Não se importa?”, questionou o polaco.
Perante esta questão, o moderador da conferência de imprensa disse a Golan que, se não quisesse, não teria de responder. “Por que não?” Joost Klein interveio então em voz alta, um episódio que rapidamente se tornou viral nas redes sociais.
A emissora de rádio e televisão neerlandesa Avrotros classificou a exclusão de Joost Klein da final da Eurovisão de “desproporcional”, após um incidente sem relação com a controversa participação de Israel.
Em comunicado enviado à AFP, a Avrotros disse estar “chocada com a decisão” da União Europeia de Radiodifusão (EBU). “Lamentamos profundamente esta situação e voltaremos à questão mais tarde”.
A EBU, que supervisiona a competição, explicou que a polícia sueca está a investigar “uma denúncia feita por uma mulher da equipa de produção na sequência de um incidente ocorrido durante a noite da semifinal de quinta-feira”.
“Enquanto o processo judicial prossegue, não seria apropriado que continuasse a participar na competição”, afirmou a organização, em comunicado.
A secretária de Estado da Cultura neerlandesa, Fleur Gräper, considerou, em mensagem publicada nas redes sociais, que a decisão da EBU é “extremamente difícil, antes de mais, para Joost, mas é uma deceção para todos” os neerlandeses.
Na quinta-feira, durante a conferência de imprensa que se seguiu à semifinal da competição, Joost Klein, de 26 anos, chamou a atenção ao manifestar o seu desacordo com o facto de ter sido colocado ao lado da representante israelita, Eden Golan, tendo tapado o rosto com a bandeira dos Países Baixos em vários momentos da conferência.
No entanto, segundo a EBU, a sua exclusão não está relacionada com a sua atitude para com outras delegações.
Na sexta-feira, Joost Klein já tinha falhado ensaios gerais para a final.
Questionada pela AFP, a polícia sueca confirmou ter aberto uma investigação por “intimidação” e que o processo foi enviado ao Ministério Público.
Oficialmente apolítica, a Eurovisão foi abalada este ano pela guerra em Gaza, na Palestina.
A jovem cantora israelita Eden Golan, de 20 anos, ganhou o seu bilhete para a final com a canção “Hurricane”, cuja versão inicial teve de ser modificada por se considerar que fazia alusão ao ataque do Hamas em Israel, em 7 de outubro.
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