Lapónia ou Polo Norte são os destinos mis comuns, mas há cartas para a “Fábrica de Brinquedos”, “Cidade dos Sonhos”, “Rua da Alegria” ou “Mundo das renas”. Em comum têm o Pai Natal como destinatário e, depois, pedidos de brinquedos. E todas o Pai Natal recebe e a todas responde. E se não vão os brinquedos pedidos, vai sempre uma lembrança do Pai Natal, no caso dos CTT, ainda que isso seja um pormenor.
“As cartas chegam cá todas e é a única correspondência que circula na nossa rede sem selo. Todas chegam e são tratadas para uma resposta”, diz à agência Lusa Miguel Garção, diretor de marca e comunicação da empresa.
A iniciativa não é nova e só no ano passado chegaram 170.000 cartas, esperando-se para este ano cerca de 200.000, enviadas por crianças através de escolas, mas também em nome individual.
Algumas não são exigentes, dizem que se portaram bem e que acham que merecem uma prenda, mas outras não se coíbem e, depois de elogios ao Pai Natal, segue a lista: ‘shopkins’ (bonecos), a almofada secreta da Luna e, já agora, um drone.
Outras pedem só um ‘tablet’ e outras uma ‘nerf’ (arma), “uns óculos para entrar num videojogo” e uma consola.
Mónica Lisboa, funcionária dos CTT que no Natal é “desviada”, com mais outras seis pessoas, para o tratamento das cartas ao Pai Natal, diz que a tendência de pedidos gira muito à volta da eletrónica e dos jogos e dos brinquedos mais em moda.
Mónica trata por dia entre três a quatro mil respostas o que, contabilizando todos os “ajudantes do Pai Natal”, são respondidas mais de 15 mil cartas de pedidos por dia. Sem os brinquedos preferidos, mas com uma lembrança.
Miguel Garção nega que isso tire magia à ideia do Pai Natal. “Vão ficar no imaginário que o Pai Natal existe verdadeiramente e, por outro lado não deixam de ficar satisfeitas porque o Pai Natal lhes respondeu e lhes enviou uma lembrança”, diz, acrescentando que as cartas são por outro lado um incentivo para a escrita do português e mostram às crianças que o envelope com o selo é também um meio de comunicação.
Com ou sem selo, há mais de uma semana que começaram a chegar cartas, o que levou a empresa a criar um espaço para os “ajudantes do Pai Natal”. Segundo Miguel Garção o projeto termina a 06 janeiro e, até lá, garante, todas as cartas que chegarem ao centro de produção e logística em Lisboa, incluindo as que são reencaminhadas dos centros de Maia e de Taveiro, terão resposta e irão proporcionar “um momento de magia e um Natal mais feliz”.
O responsável lembra que os CTT têm outro projeto, de responsabilidade social, que engloba também milhares de crianças que estão à guarda de instituições, que pedem brinquedos ao Pai Natal e cujos pedidos são colocados à disposição para apadrinhamento.
É o projeto “Pai Natal Solidário” e, até agora, nunca nenhuma criança ficou sem o brinquedo pedido. Nem ficará, nas palavras de Miguel Garção.
Não acontece assim com as cartas que estão agora a chegar em catadupa aos CTT. Diz o diretor que, em geral, são pedidos de brinquedos mas que também chegam cartas a pedir animais de estimação ao Pai Natal, ou até mais anos de vida para os avós.
“Já me aconteceu ter um pedido de um menino para viajar com o Pai Natal e com as renas”, acrescenta Mónica Lisboa, com um monte de cartas por abrir na sua frente.
Pede-se nelas o “castelo dos gelados”, legos ou o quartel de bombeiros. Há os que admitem que se portaram “um bocadinho mal” e que prometem melhorar, os que se portaram “mais ou menos bem” e que, por isso, não merecem “muitas prendas”. E há os que pedem o “gormiti da terra”, “e que todos os meninos também o recebam”, ou que todos os meninos passem o Natal “felizes nas casas quentinhas”.
E se há ainda os que aproveitam para tirar dúvidas (“os duendes é que fazem os brinquedos?”), também há quem se preocupe com o Pai Natal, e, em troca de uns ‘shopkins’, lhe prometa deixar um lanche preparado. E para as renas também.
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