Veja aqui o primeiro episódio da série documental sobre os 80 anos da Jeep produzida pela MadreMedia.


Um dos segredos do mítico Jeep está bem escondido debaixo do banco do co-piloto. Uma caixa de ferramentas com o nome "Jeep" e que revela a génese da história de um ícone americano nascido com um propósito militar, adaptado para o uso do dia-a-dia, precursor dos veículos todo-o-terreno e que se transformou num caso de sucesso da indústria automóvel.

O segredo é contado por Fernando Videira, mecânico especializado da zona de Aveiro, referindo-se ao Willys CJ-2A, veículo 4x4 utilizado na Segunda Guerra Mundial e que ganharia, após o período bélico, uma nova nomenclatura na passagem para a utilização civil. Sim, o Jeep primeiro foi Willys (e também Ford), até adoptar a nomenclatura atual, sendo que os historiadores dividem-se quanto ao nome baptismal na origem deste legado nascido há 80 anos.

Alguns dizem que Jeep vem de “GP” - de General Purpose (Propósito Geral, traduzido para português, que daria a entender a multiplicidade de funções para que o carro poderia servir) -, que viria a evoluir “Jeep”, conta Videira. Outros dizem que o nome vem de “Eugene, the jeep”, um “boneco do Popeye, um cãozinho que fazia tudo, trepava e saltava”, sustenta Luís Cardote, colecionador.

“Não tinham a certeza se podiam pôr o nome no carro, então, colocaram a palavra Jeep na caixa de ferramentas. Nunca ninguém olha. Podem ter um carro uma vida inteira e não sabem”, revelou. “Passado uns anos, temos a palavra Jeep por todo o lado”, acrescentou.

Todas as grandes acontecimentos e marcos históricos são precedidas por teorias e interpretações. O carro que reescreveu a história das quatro rodas, não é exceção.

A razão de ser, essa, não deixa dúvidas. Nasceu para o combate. Foi esse o fim de um princípio que desbravou outros caminhos.

O governo americano, por alturas da Segunda Guerra Mundial, consultou três empresas com o objetivo de desenvolver um veículo que pudesse ser útil em cenário de guerra. A Bantam, a Willys e a Ford foram as escolhidas, tendo o ataque sofrido em Pearl Harbour acelerado o processo de desenvolvimento do veículo. E assim nasceu uma lenda que "dava para tudo"

“Ambulância, carro de combate, transportes de tropas, veículo de reconhecimento. [O Jeep] era utilizado para todos os fins no exército, marinha e força aérea”, descreveu Cardote. Com pequenas modificações podia inclusive andar sobre carris nos caminhos de ferro, para chegar, mais rapidamente, onde era necessário.

Condecorado pelo exército americano, o Jeep foi “eleito um dos carros do século XX, pelo papel que teve durante a Segunda Guerra Mundial, a sua evolução para o mercado civil e o papel que teve na mobilidade das populações em várias regiões do mundo”, recorda Miguel Serrano, igualmente colecionador.

A versatilidade viria a ser adaptada a novas necessidades. Espalhado pelo mundo, reconhecido como símbolo da libertação, depois de ter ajudado os Aliados no conflito, a Jeep interpretou as carências de desenvolvimento agrícola, transformando-o em trator, antecipou a descoberta de novos territórios e prestou apoio nas construção de novas infraestruturas rodoviárias.

Acima de tudo, “soube sabiamente interpretar as necessidades de um veículo com capacidades de todo-o-terreno para satisfazer uma crescente procura da sociedade civil” mantendo a linhagem acrescenta Miguel Serrano.

O Jeep é “um conceito que virou marca. Conceito universal. Quando vemos um todo-o-terreno facilmente identificamos como um Jeep. Não estamos com pruridos para saber que marca é. Não. É um jeep. Anda por todo o lado é um Jeep”, finaliza Luís Cardote.

O aparecimento da Jeep deu origem a um verdadeiro ícone americano e, com ele, criou um impacto massivo na indústria automóvel. Uma revolução criada há 80 anos, um legado e uma continuidade histórica preservada nos dias de hoje.


Este conteúdo foi produzido em parceria com a Jeep, por ocasião da celebração do 80.º aniversário da marca.