"Estive três noites quase sem dormir. Sempre quis ir à Islândia e Noruega por causa das auroras, mas conseguir fotografá-las à porta de casa foi quase um sonho tornado realidade, foi um momento inesquecível", contou à agência Lusa.

Ao contrário de muitas pessoas que foram surpreendidas pelo fenómeno, Serralheiro e outros amigos entusiastas de astrofotografia já estavam a acompanhar as previsões científicas há algum tempo.

Posicionaram-se cedo, logo pelas 21:00 de sexta-feira, 10 de maio, junto aos radiotelescópios do observatório de astronomia da Universidade de Cambridge, e esperaram várias horas até começar a "dança de luzes".

"Normalmente veem-se as luzes verdes, que mostram uma intensidade mais fraca de ionização da atmosfera, mas nós vimos [luzes] rosas, azuis e violetas", descreveu.

As câmaras fotográficas têm vantagem porque conseguem capturar as cores com maior nitidez graças às longas exposições, explicou, juntando-se os conhecimentos técnicos.

O resultado foi dezenas de fotografias, algumas das quais colocou na sua página eletrónica [https://www.joaoysphotography.com/], e que no futuro poderá usar para entrar em competições como fotógrafo amador.

Natural de Alcobaça, João Serralheiro, de 42 anos, é engenheiro informático.

"Tenho um trabalho que paga as contas e a fotografia é um passatempo, mas qualquer minuto que possa dispensar, estou na rua com a câmara fotográfica", afirmou à Lusa.

Antes de se mudar para o Reino Unido, há cerca de 12 anos, já praticava fotografia de paisagem nos tempos livres, mas interrompeu a paixão durante uma década.

Recentemente, por incentivo da mulher, voltou a dedicar-se ao passatempo, desta vez especializando-se na astrofotografia.

"Um dos meus temas favoritos é 'star trails', em que se usa movimento da terra para captar rastos das estrelas, o que demoram várias horas", contou.

Uma destas imagens, "Radio Polaris" mereceu ser finalista para o Prémio Fotógrafo do Ano de Astronomia, promovido pelo Observatório de Greenwich, em Londres.

A fotografia também foi exposta juntamente com as dos outros finalistas e dos vencedores no museu Royal Maritime Museum e publicada em catálogo.

Este mês, também teve uma fotografia em destaque na revista Amateur Photographer e em abril foi distinguido com o prémio de fotografia do mês do Instituto de Fotografia britânico, onde está a estudar.

Conseguir estas imagens implica passar muitas horas "à noite e ao frio", mas agora que apanhou o gosto, João Serralheiro não quer parar, declarando: "Estou sempre à caça de uma imagem".

Nota: A foto que ilustra o artigo não faz parte das imagens realizadas por João Serralheiro às quais não tivemos acesso.