Peixoto e os outros três autores distinguidos este ano pelo Oceanos – Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, os brasileiros Julián Fuks, Ana Martins Marques e Arthur Dapieve, foram escolhidos pelos curadores do galardão, a investigadora Selma Caetano, especialista na obra de Graciliano Ramos, e Manuel da Costa Pinto, jornalista e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada, pela Universidade de São Paulo.
Os quatro trabalhos vencedores foram apresentados na noite de terça-feira, 6 de dezembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.
Para os críticos que escolheram o romance de Peixoto como o melhor livro do ano, em língua portuguesa, publicado no Brasil, a obra faz “um mergulho no Portugal profundo, rural, com uma narrativa que alinha personagens emblemáticas desse universo arcaico”.
No geral, a categoria romance conquistou mais um prémio com “A Resistência”, do escritor Julián Fuks, que ficou em segundo lugar.
O volume de poesia “O livro das semelhanças”, de Ana Martins Marques, obteve o terceiro lugar, e Arthur Dapieve colocou-se como quarto vencedor, com os contos de “Maracanazo e outras histórias”.
Entre os dez finalistas do prémio estava o escritor português, Gonçalo M. Tavares, com o romance “Uma menina está perdida no seu século à procura do pai”.
Estes finalistas foram escolhidos por um júri, a partir de uma lista de 50 obras semifinalistas, provenientes de um grupo de 740 títulos concorrentes, dos diferentes géneros – poesia, romance, conto, crónica e dramaturgia.
Além das obras de José Luís Peixoto e de Gonçalo M. Tavares, estavam também, entre os semifinalistas portugueses, os livros de poesia de Matilde Campilho, “Jóquei”, e do sociólogo Boaventura Sousa Santos, “139 epigramas para sentimentalizar pedras”, e os romances “Não é meia-noite quem quer”, de António Lobo Antunes, e “O pecado de Porto Negro”, de Norberto Morais.
No ano passado, o prémio Oceanos, em primeira edição, que sucedeu ao Prémio Portugal Telecom de literatura, foi atribuído ao escritor brasileiro Silviano Santiago, de 80 anos, pelo romance “Mil Rosas Roubadas”.
José Luís Peixoto nasceu em 1974, em Galveias, venceu o prémio José Saramago, em 2001, com o romance “Nenhum Olhar”, o segundo da sua carreira, incluído na lista do Financial Times dos melhores livros publicados no Reino Unido, em 2007, e recebeu o galardão Salerno Libro d’Europa, em 2013, por “Livro”, entre outras distinções.
O escritor estreou-se na ficção com “Morreste-me”, em 2000, a que se seguiram, entre outros, “Uma Casa na Escuridão”, “Cemitério de Pianos”, melhor romance estrangeiro publicado em Espanha, em 2007, e “Em Teu Ventre”.
As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina, em França, Impac Dublin, Irlanda, e o antigo Portugal Telecom, Portugal/Brasil.
Na poesia destacam-se “A Casa, a Escuridão”, “Gaveta de Papéis”, que recebeu o Prémio Daniel Faria, e “A Criança em Ruínas”, Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores.
“Anathema”, “À Manhã” e “Quando o Inverno Chegar”, no teatro, são outras obras do escritor.
Em 2012, José Luís Peixoto publicou “Dentro do Segredo, uma viagem na Coreia do Norte”, primeira incursão na literatura de viagens.
Os seus romances estão traduzidos em mais de vinte idiomas, de acordo com a sua editora.
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