Todos os fins de semana do mês de novembro, a cidade de Coimbra enche-se de arte vinda de diversas partes mundo.
O Linha de Fuga nasceu este ano, decorre de 9 de novembro a 1 de dezembro, e é um projeto com duas faces: um festival, onde é possível assistir a espetáculos de arte performativas por toda cidade; e um laboratório de criação internacional, onde se pretende promover o encontro entre artistas nacionais e estrangeiros para intercâmbio de práticas artísticas.
A autoria do projeto é de Catarina Saraiva e tem o intuito de criar um circuito que expõe distintas práticas e pensamentos artísticos e explorar a importância da arte enquanto fator social crítico. Em entrevista ao SAPO24, a curadora e responsável conta que o Linha de Fuga surge "com esta ideia da arte enquanto uma forma de produzir conhecimento e, portanto, de chamar a atenção sobre temáticas contemporâneas, sobre a sociedade".
Catarina Saraiva explica que a dupla face deste projeto surgiu "da vontade de pensar que um festival não é só a apresentação de espetáculos, mas tem também de ser um espaço de encontro e de trocas entre diversas práticas".
A escolha da cidade de Coimbra tem o propósito de dar à cidade "as tendências a nível de artes performativas e não só, as últimas tendências em Portugal e no estrangeiro" e, por outro lado, pretende fugir aos grandes centros urbanos que já têm, considera, "muita produção artística".
No programa do festival - disponível aqui - , constam artistas de vindos de Itália, Catalunha, Uruguai, Suíça e Bélgica.
O propósito é, segundo Catarina, "promover um encontro de distintas formas de ver o mundo. Por isso é que os artistas nacionais que estão no festival têm práticas muito diferentes, pensam o mundo de forma diferente, e os artistas internacionais fazem a ponte com contextos muito distintos".
Ana Borralho & João Galante, Federica Folco, Luciana Fina, Miguel Pereira, Sergi Fäustino e Thomas Hauert são os artistas da primeira edição que, paralelamente à programação do Festival, vão dirigir os seminários e estarão presentes no laboratório, em conjunto com os artistas selecionados, para partilhar experiências
O laboratório do Linha de Fuga reúne no total 20 profissionais das artes - do teatro à dança, da música à escrita, passando pelo vídeo - de várias partes do mundo, previamente selecionados, interessados em confrontar os seus projetos e práticas com as dos artistas convidados, o que permite "um encontro entre artistas de várias origens, de vários backgrounds e que estão em Coimbra durante três semanas a desenvolver o seu trabalho, a fazer trocas entre eles. É um intercâmbio artístico".
A par disso, os artistas do laboratório abrem todos os sábados o seu trabalho à cidade. "Eles apresentam à cidade aquilo em que estão a trabalhar, [o festival] também tem esta vertente de experimentação e de relação com a cidade", salienta Catarina Saraiva.
O festival Linha de Fuga conta com espetáculos que englobam as mais variadas vertentes da arte: a dança de Miguel Pereira, com o tema "Peça para negócio", que fala sobre os esquemas de mercantilização das artes; o documentário de Luciana Fina, que conta a educação sentimental de uma família muçulmana portuguesa; a performance de Sergi Fäustino, que trabalha a fisicalidade em interação com a cidade; o trabalho de Ana Borralho e João Galante, que questionam o género através da performance; a dança de Federica Folco, que explora o sensível e o erotismo numa peça que criará com participantes locais; e a união entre a dança e a música de Thomas Hauert, que fala de amor e das suas (im)possibilidades.
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