
Em declarações à agência Lusa, a administradora da Livraria Lello, Aurora Pinto, explicou que era impossível a Lello “resistir à tentação” de adquirir a coleção de Amy Winehouse, uma artista que “era muito mais do que apenas cantora”.
“Embora possa parecer improvável que a livraria se interessasse por Amy Winehouse, acaba por ser inevitável porque a escrita, seja de livros, seja de letras de música, é escrita e são sempre histórias, e histórias cabem sempre na Lello”, disse.
A biblioteca de Amy Winehouse é composta por 230 livros e o seu valor “vai muito além do valor de cada livro”, pelo que a Lello optou por não revelar a quantia pela qual comprou a coleção.
A coleção, que vai estar exposta a partir de hoje na sala Gemma, “um espaço exclusivo dedicado às joias literárias mais valiosas”, foi dividida em quatro partes, “quatro fases da vida” de Amy Winehouse.
“A primeira parte é a ‘Adolescente’, que tem os livros que terá lido enquanto jovem. O que encontramos, essencialmente, são peças de teatro, como, por exemplo, de Arthur Miller e a sua primeira peça de teatro, 'A pequena loja dos horrores', em que Amy mostra a sua satisfação com o drama ao escrever no livro, em letras gordas, 'Amo o Drama'. Isto revela que ainda muito jovem Amy tinha esta vertente, este lado dramático”, disse.
A segunda parte, enumerou, denominou-se de "Nerd": “São livros, essencialmente, de banda desenhada ou novela gráfica. Estes livros são os que ocupam a maior fatia da coleção, é algo que acompanhou a vida dela e que ela valorizou muito“.
Nesta secção, estão as obras dos irmãos Hernández e outros autores ligados à BD em que “se vê uma Amy que procurava o gosto pela identidade visual, o gosto e a paixão pela narrativa visual e que marca a sua carreira musical”.
A parte três, "Os artistas", é composta por “livros sobre outros artistas, especialmente biografias, como Frank Sinatra, Madonna, Bob Marley, com quem Amy tinha uma ligação forte, à obra dele, uma ligação que também revela na sua própria criação”.
Por fim, a “quarta e última parte”, dedicada aos livros “mais tradicionais”, a "Literatura", na qual se encontra, por exemplo, a “obra completa de [J.D] Salinger, todos os livros e alguns em mais de que uma edição”.
“Também sabemos que começou a ler Salinger aos 12 anos, leu 'À Espera num Centeio', um livro forte, pesado, sobre um jovem com um percurso de vida até parecido com o dela - foi expulso da escola, depois o problema de como contar aos pais. Há aqui identidades que se vê que [Amy Winehouse] procura nas obras que lê, de paralelismo com a sua própria vida”, salientou Aurora Pinto.
A responsável pela Lello, que se confessou “grande fã” de Amy Winehouse, salientou que o amor da artista pelos livros manifestava-se, também, de uma forma muito particular: “A paixão de Amy ao ler alguns destes livros era tal que ela dava beijos nas páginas com baton vermelho”.
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