"Este desenho é muito bonito, contém muita emoção e representa uma mulher jovem que lava os pés de Jesus. É uma forma muito original de ilustrar o tema da Virgem e o Menino", disse à agência Lusa Vincent Delieuvin, conservador chefe da pintura italiana no Museu do Louvre, e comissário desta exposição, junto ao desenho emprestado pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.
"É um desenho muito importante por ilustrar esta liberdade de olhar para todos os temas, mas também do ponto de vista técnico é muito interessante", reforçou o comissário da mostra, em declarações à Lusa.
Este desenho faz parte da maior exposição dedicada a Leonardo da Vinci, jamais organizada, que decorre no Museu do Louvre, em Paris, a partir desta quinta-feira, onde fica até 24 de fevereiro, assinalando os 500 anos da morte do mestre da Renascença.
Este reencontro entre quadros - estão presentes 11 quadros, dos cerca de 20 que são atribuídos a Leonardo Da Vinci -, desenhos e manuscritos vindos de todo o Mundo demorou cerca de 10 anos a ser organizado pelo museu francês, mas conhecer o artista foi o maior desafio, segundo o comissário.
"A maior dificuldade foi mesmo Leonardo da Vinci. É um artista extremamente exigente, que requer muito trabalho científico e também histórico. Portanto, a maior parte do tempo foi dedicado a conhecer Leonardo da Vinci. Claro que a organização também foi espinhosa e difícil porque as instituições que têm obras de Leonardo da Vinci não se querem separar delas, mas, apesar de tudo, conseguimos muitos acordos e conseguimos fazer esta reunião de 160 obras, cuja maioria nunca foi mostrada em conjunto" indicou Vincent Delieuvin.
Entre os maiores empréstimos está o acervo de manuscritos que pertence à Rainha Isabel II, mas também a "Virgem Benois", vinda do Museu Hermitage, ou ainda "São Jerónimo no Deserto", que veio do Vaticano.
A grande ausente do espaço da exposição é mesmo "Mona Lisa" ou "Gioconda", que ficará na sua sala de sempre, recentemente renovada, junto à pintura veneziana, noutra ala do museu.
"Não foi uma escolha, adorava poder tê-la ao pé das outras obras. Mas ela tornou-se noutra coisa. É um ícone que as pessoas de todo o Mundo vêm ver e que querem fotografar. Ela recebe diariamente 30 mil visitas. [...] Pô-la aqui criaria engarrafamentos incontroláveis e tornaria a visita impossível aos fãs de Leonardo da Vinci", explicou Vincent Delieuvin.
A organização espera cerca de 600 mil pessoas até fevereiro neste percurso sobre a vida do mestre italiano, que passa pela sua descoberta das formas, a liberdade criativa, a ciência e a sua vida, com passagens obrigatórias nas cidades onde se instalou, como Milão, Florença e o Vale do Loire, em França, onde acabaria por morrer.
Os bilhetes de acesso à exposição devem adquiridos com antecedência na internet, e a reserva será para uma hora específica, de forma a evitar longas filas. O Museu do Louvre, o mais visitado a nível mundial, somou 10,2 milhões de entradas em 2018.
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