A Penguin Random House apresentou hoje, em Lisboa, “uma pequena seleção” das cerca de 300 obras que vão sair até ao final do ano, com a diretora-geral do grupo editorial, Clara Capitão, a sublinhar a edição de “novos livros de autores portugueses e muitos autores novos, muitas novas vozes, com primeiros e segundos romances”.
“Temos um panorama literário nacional bastante estagnado há muitos anos e temos, como editores, o dever e o interesse de publicar estas novas vozes”, disse.
De um grupo editorial que reúne 14 chancelas, uma das novidades editoriais, para outubro, é “Melhor não contar”, da escritora Tatiana Salem Levy, romance que sai pela Elsinore, dois anos depois de “Vista Chinesa”.
“Melhor não contar” é um romance de contornos biográficos, a partir da história da escritora luso-brasileira, e que aborda a morte da mãe, a relação com o padrasto e uma situação de abuso, e reflete também sobre a literatura no feminino.
Na literatura em língua portuguesa, pela Companhia das Letras há o já anunciado novo livro de Chico Buarque, intitulado “Bambino a Roma”, a editar no próximo dia 23, e que remete para o período entre o fim da infância e início da adolescência do músico brasileiro em Itália.
Nesta chancela há a registar também a estreia de duas autoras brasileiras em Portugal: Da escritora paulista Mariana Salomão Carrara sai em outubro “Não fossem as sílabas do sábado”, uma história sobre luto e recomeço; enquanto a jornalista e realizadora Eliane Brum estará nesse mês em Portugal para apresentar o relato de memórias “Meus desacontecimentos”.
Até dezembro, a Companhia das Letras propõe ainda “Origami”, um romance curto “ora ácido, ora melancólico” de José Gardeazabal, o policial “Os dias contados” de João Tordo, novamente protagonizado pela inspetora Pilar Benamor, e “O que a chama iluminou”, uma “novela-ensaio” de Afonso Cruz que é publicada depois de já ter sido um espetáculo.
Sobre a aposta em novas vozes, a Suma de Letras apresenta já este mês “A tua melanina”, primeira obra de Stephanie Vasconcelos, filha de mãe russa e pai luso-angolano, que cresceu em Cascais e vive em Luanda, que transpõe para a ficção uma saga familiar de inspiração autobiográfica.
Por esta editora sairá em outubro “A origem dos dias”, terceira obra do escritor Miguel d’Alte, que tem publicado a um ritmo anual, depois de “O lento esquecimento do ser” e “Os crimes do verão de 1985”.
Na chancela Secret Society, criada este ano para o segmento jovem adulto, há a estreia este mês de “Por fim em silêncio”, de Bruno Leão, sobre relações tóxicas queer, enquanto na editora Arena sai em outubro “Funaná is the new funk”, de Catarina Barros da Silva, sobre o músico Dino d’Santiago, que tinha já sido objeto de análise numa dissertação de mestrado da autora.
Na literatura estrangeira, entre as novidades apresentadas, a Penguin Random House deu destaque, na Alfaguara, ao romance “A vingança é minha”, numa estreia da escritora francesa Marie NDiaye para o mercado português, com tradução de Tânia Ganho.
Marie NDiaye, que já venceu os prémios Femina (2001), Goncourt (2009) e Marguerite Yourcenar (2020), estará em Portugal para um lançamento deste “romance psicológico e um thriller”.
A Cavalo de Ferro conclui, em novembro, “Septologia”, do norueguês Jon Fosse, Nobel da Literatura 2023, e recupera a obra de Zbigniew Herbert, um autor polaco que estava praticamente inédito em Portugal, com “Poesia quase toda”.
A Objetiva planeia ainda para este mês a edição de “A História da Arte sem homens”, da historiadora Katy Hessel, focado apenas na arte feita por mulheres desde o Renascimento até à atualidade.
Katy Hessel apresentará o livro em Lisboa a 01 e 02 de outubro no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.
No outono, os colombianos Hector Abad Faciolince e Juan Gabriel Vásquez estarão de regresso a Portugal para lançarem “Salvo o meu coração, tudo está bem” e “A tradução do mundo”, respetivamente.
Em Portugal estará também o galego Manuel Jabois, um autor inédito no mercado nacional, com a obra “Mirafiori”.
Comentários