Em Nantes, França, os motoristas dos autocarros pediram à empresa para utilizarem uma farda mais adequada ao calor que se faz sentir: trocar as calças por calções. Contudo, a resposta foi negativa.
Na passada quarta-feira, 20 de junho, seis motoristas entraram ao trabalho vestindo uma saia, de forma a denunciar as condições inaceitáveis com que têm vindo a trabalhar nos autocarros, sem ar condicionado.
"Os nossos uniformes não são apropriados para estas altas temperaturas. Nós invejamos as mulheres em momentos como este", disse Didier Sauvetre, um dos motoristas, citado pelo The Guardian.
"Os nossos superiores disseram que os calções não são apropriados para a nossa profissão. Optámos por provocar ao vir de saia, que é permitida às motoristas", frisou.
Um colega, Gabriel Magner, falou em discriminação. "As mulheres podem usar saia, mas não os homens".
"Os escritórios dos nossos patrões têm ar condicionado, o que não é o caso da maioria dos nossos veículos. Passar mais de sete horas num veículo com altas temperaturas não é fácil".
Quanto aos calções, a mesma fonte referiu que estão a ser pedidos desde 2013 e que a decência da farda não é uma questão a considerar. "Quando o condutor fecha o seu compartimento não se consegue ver nada".
Pascal Bolo, presidente da companhia de transportes Semitan, insiste no facto de existirem regras quanto aos uniformes. O ano passado, a companhia inseriu "calças de verão" para os condutores. Contudo, os calções continuam excluídos.
"É complicado, mas são apenas alguns dias durante o ano", referiu. "Os novos autocarros têm todos ar condicionado, até no compartimento dos motoristas. E o meu escritório não".
Caso de Nantes não é único
Já em 2013 esta tinha sido uma forma de protesto utilizada por motoristas na Suécia.
No Reino Unido, em Exeter, cerca de 30 rapazes da Academia ISCA também se manifestaram da mesma forma. Ao serem proibidos pela direção da escola a usarem calções, vestiram as saias que pertencem ao uniforme das colegas.
Citado pela BBC, um dos jovens explicou o que levou à manifestação. "Não estamos autorizados a usar calções, e não posso ficar de calças o dia todo, é um bocado quente".
A ideia era chamar a atenção à diretora da Academia, Aimee Mitchell, que indicou que o uso de calções pode vir a ser considerado. "Os calções não fazem parte do nosso uniforme para rapazes e eu não gostava de fazer mudanças sem consultar os estudantes e as famílias".
"Reconhecemos que os últimos dias foram excecionalmente quentes e estamos a fazer o nosso melhor para permitir que os alunos e funcionários permaneçam o mais confortáveis possível", referiu.
Claire Reeves, mãe de um dos alunos, pediu à escola que os calções passassem a fazer parte do uniforme, mas nada conseguiu. "As pessoas estão sempre a falar sobre iguais direitos para homens e mulheres e o uniforme escolar não é exceção", destacou.
Na Academia ISCA, os rapazes apenas têm autorização para usar calças, enquanto as raparigas podem usar calças ou saia.
E os casos no Reino Unido não ficam por aqui. Joey Barge, um jovem de 20 anos, de Buckinghamshire, foi proibido de usar calções no trabalho. Começou por manifestar-se no Twitter. "Se as mulheres podem usar saias/vestidos no trabalho, posso usar calções assim?", escreveu.
Após a publicação, surgiram outras em que aparece com um vestido, como forma de alertar para a proibição de que foi alvo. "Vejo-te em breve, Twitter. Vou ser mandado em breve para casa".
E conseguiu fazer-se notar. A empresa alterou o dress code dos trabalhadores, permitindo agora usar "calções com 3/4 de comprimento", desde que tenham cores neutras: preto, azul marinho ou bege.
Quanto a Joey, que agora já pode usar calções, optou por continuar o seu dia de vestido.
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