Das dezenas de milhares de turistas esperados, só vieram cinco mil e nenhum dos espetáculos esgotou. Nos primeiros dias de maio, a presença do festival era quase invisível nas ruas. Só a seis dias da final começaram a surgir mais cartazes e bandeiras. Na Avenida Rotschild, uma das maiores e mais movimentadas da cidade, Micha Cohen acompanhava, num dia de semana, uma turma de alunos da escola primária e admitia estar  “muito feliz” por viver na cidade que recebe a Eurovisão, mas confessava não notar mais gente na rua: “Eu estou aqui todas as semanas e normalmente há sempre aqui este número de pessoas”, explicou.

A baixa venda de bilhetes para o espetáculo, que pode ser explicada com a tensão política e militar na região, os apelos ao boicote, mas também com os preços altos dos ingressos e do alojamento, parece ter afetado a adesão dos fãs. Danielle Heller, de 25 anos, diz que Telavive “podia e devia ter feito um esforço maior como anfitriã”. A estudante de Direito refere que “os preços são demasiado altos, no alojamento e nas refeições, principalmente”.

Um vencedor esperado

No concurso, quando os votos da final foram atribuídos, a tensão foi elevada, mas na verdade, apesar dos truques da produção, o vencedor foi aquele que era antecipado desde março. Na antecâmara da final, os ensaios do holandês Duncan Laurence foram observados ao detalhe pela imprensa especializada, na esperança de reviravolta, de percalço, do momento em que o favorito podia cair em desgraça.

E ainda houve nervoso miudinho, graças aos problemas técnicos, que foram uma constante em Israel. Nada que beliscasse a fé dos apostadores. Os holandeses, afastados das vitórias há 44 anos, não deixaram que ninguém se interpusesse entre eles e o troféu: mandaram vir uma equipa de técnicos dos Países Baixos para mostrar como é que queriam que a atuação resultasse na televisão. E resultou.

Num ano em que Madonna foi a contratação milionária para atuar na final, tudo o resto pareceu pobre e em sobressalto. Em vez de sketches ou atuações ao vivo com música original, foram apresentados medleys gravados ou até mesmo artistas israelitas a cantar covers de músicas americanas. Na realização não faltaram cortes abruptos, planos tortos ou inexplicáveis, ou imagens gerais da arena em momentos aleatórios das canções. O melhor momento da final coube a quatro antigos participantes, reciclados para restabelecer alguma star quality eurovisiva.

Para Israel, o evento configurava-se como uma oportunidade para melhorar a visão do mundo sobre o país, algo que não parece ter acontecido, com a organização ensombrada por reclamações, uma morte num acidente de trabalho e ainda manifestações políticas como aquela que os Hatari fizeram na final, a apoiar a causa palestiniana, ou de Madonna, que juntou a bandeira israelita e a da Palestina no fim da sua atuação.

Para Portugal, o Festival também não deixa boas memórias. Conan Osiris não foi além do 15.º lugar na semifinal, com uma amarga última classificação na pontuação dos júris profissionais, atrás de canções como a de San Marino.

Agora, é altura de pensar em 2020: será este o ano em que nos rendemos aos fireworks?

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