Depois da França, é a Alemanha o país europeu alvo de uma controvérsia no que toca às relações artísticas com a Itália. O responsável pela Galeria Uffizi, Eike Schmidt, diz que o governo alemão tem o "dever moral" de ajudar a recuperar a obra "Vaso de Flores" para esta instituição.
“Um apelo à Alemanha para 2019: fazemos votos para que este possa finalmente ser o ano em que será restituído à Galeria dos Ofícios o célebre ‘Vaso de Flores’, roubado pelos soldados nazis”, escreveu num comunicado, o diretor do museu, ele próprio de nacionalidade alemã.
De acordo com o responsável, o quadro, avaliado em vários milhões de euros, está atualmente na posse de uma família alemã, que ainda não o devolveu, apesar dos vários pedidos do Estado italiano. Segundo os intermediários da família, esta exige uma compensação monetária para devolver a obra, algo que a galeria italiana se recusa a fazer.
O caso promete arrastar-se, já que na Alemanha existe um estatuto que limita a intervenção do estado para investigar crimes cometidos há mais de 30 anos. Para Schmidt, a Alemanha "não devia aplicar o estatuto de limitações a obras de arte roubadas durante a guerra", sendo que, enquanto o caso não se revolver, este vai "impedir as feridas infligidas pela Segunda Guerra Mundial e pelos horrores do Nazismo de se curarem".
Trata-se de um óleo sobre tela de 47×35 centímetros, assinado por Jan van Huysum (1682-1749), um pintor holandês de renome, especializado em naturezas mortas, e que pertenceu, após 1824, às coleções do Palais Pitti, outro grande museu florentino.
Levado pelos alemães durante a guerra, o quadro foi transferido dentro da Alemanha e o seu paradeiro perdeu-se durante muito tempo, antes de ser redescoberto, em 1991, após a reunificação alemã, segundo Eike Schmidt.
Enquanto aguarda a devolução da obra original, o museu expõe a partir de hoje uma reprodução a preto e branco do “Vaso de Flores”, com a inscrição “Roubado”, em italiano, inglês e alemão, e uma curta legenda explicativa que recorda aos visitantes que “foi roubada por soldados do exército nazi, em 1944, e encontra-se hoje numa coleção alemã privada”.
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