Instalado em 2009 na antiga sede do Banco Nacional Ultramarino (BNU), o museu entrou em obras em 2016, interrompidas de 2018 a maio de 2021 devido à insolvência da empresa construtora, impondo a revisão de todo o projeto, e a abertura de um novo concurso publico internacional, em maio de 2021.
Dedicado a todas as expressões do design, que se espelham no seu acervo, o MUDE possui atualmente quase 17.000 peças e, destas, 1.362 estão integradas na “Coleção Francisco Capelo”, comprada ao colecionador pelo município de Lisboa em 2002, segundo o museu.
“Edifício em Exposição” dá título à mostra de abertura, desenvolvida em quase seis mil metros quadrados, focada no edifício “considerado desde a primeira hora como uma primeira manifestação de uma política museológica, e sempre amadurecido, desde 2009, como parte integrante de um trabalho de reflexão e debate sobre o design na sua história e dimensão crítica”, sublinhou à Lusa a diretora, Bárbara Coutinho, numa visita realizada uma semana antes da inauguração.
A proposta expositiva – baseada no livro “Edifício MUDE. Transformações na perspetiva do design”, que será lançado na inauguração – consiste num percurso por 16 instalações em que cada visitante pode ir descobrindo objetos anteriores ao terramoto de 1755, projetos de arquitetos portugueses como Tertualiano Marques (1883-1942) e Luís Cristino da Silva (1896-1976), até ao projeto mais recente, de 2011.
Apesar de ter mantido a atividade com exposições “fora de portas” ao longo de oito anos de encerramento, será a partir de hoje que o museu “poderá começar a funcionar gradualmente em pleno”, com novas valências, ficando já disponível a biblioteca, onde os especialistas, estudantes e o público geral interessado em design poderá consultar o arquivo de documentação.
Um auditório, parte da loja e os serviços educativos entram também em funcionamento.
“A partir de final de setembro passarão a funcionar a cafetaria, o restaurante, a livraria”, indicou a diretora, sublinhando que, com esta grande remodelação, o MUDE “fica com as potencialidades e os meios disponíveis para desenvolver a sua missão em pleno: debater e aprofundar as suas áreas”, dedicadas ao design nas suas muitas aplicações.
Bárbara Coutinho quer que o MUDE – cujo primeiro fim de semana de abertura terá entrada gratuita – se torne “um espaço de vida, de criatividade, um local de encontro e de reflexão” em Lisboa, e constitua “um convite à mudança e à transformação, individual e coletiva”.
No final de setembro, deverá abrir a exposição com base no acervo, que além das peças da “Coleção Francisco Capelo”, reúne os restantes 15.589 itens incorporados desde 2009, resultado de doações e depósitos de longa duração, com uma política de incorporações que “tem dado prioridade à evolução do design e da cultura material em Portugal, de modo a poder contribuir para a sua preservação, salvaguarda, apresentação, internacionalização, estudo e análise crítica”.
No total, o acervo conta hoje com 15 coleções, estando mais três coleções em fase de incorporação: “Com estas incorporações que esperamos concluir até ao final deste ano, darão entrada mais cerca de 4.000 peças”, indicou a responsável, dando como exemplo do conteúdo do acervo a “Coleção B2/José Brandão/Salette Brandão”, a “Coleção João Machado” e a “Coleção Carlos Rocha”.
A coleção do antigo Teatro da Cornucópia, que cessou atividade em 2016, é uma das doações que vieram ampliar o acervo do museu durante este período, através dos seus diretores, o cofundador Luis Miguel Cintra e a cenógrafa, figurinista e ‘designer’ Cristina Reis.
Inaugurado em 2009, o MUDE recebeu, até à data de encerramento do edifício-sede, quase dois milhões de visitantes, em quase 60 exposições e cerca de 170 eventos relacionadas com o seu acervo.
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