O museu tem vindo a festejar a efeméride ao longo do ano, tendo aberto as celebrações em março com três exposições, a mais importante das quais intitulada “A metade do céu”, concebida pelo artista plástico Pedro Cabrita Reis, com obras de 60 artistas portuguesas de várias gerações e períodos da História da Arte.
Neste momento tem patente “Manuel Baptista – Sombras e outras cores”, um conjunto de “momentos-chave” de mais de 40 anos do percurso do artista, numa mostra com curadoria de João Pinharanda, que ficará patente até 26 de janeiro de 2020.
O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado em 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal Arpad Szenes – Maria Helena Vieira da Silva, ou de artistas com os quais mantiveram relações de amizade.
Sobre o acontecimento mais marcante nos últimos cinco anos da instituição, a diretora indicou à agência Lusa a aquisição, pelo Estado, em 2017, de seis obras emblemáticas da pintora portuguesa.
“Fizemos várias exposições importantes, mas sem dúvida que a aquisição destas obras, aguardada há tantos anos, foi o acontecimento mais marcante dos últimos anos”, sublinhou.
Depois de vários anos de negociações com os proprietários privados, herdeiros do colecionador Jorge de Brito, o Governo acabaria por comprar, através da Direção-Geral do Património Cultural, as seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, pelo valor global de 5,5 milhões de euros, exercendo o direito que detinha.
As seis pinturas em causa – “Novembre” (1958), “La Mer” (1961), “Au fur et à mesure” (1965), “L’Esplanade” (1967), “New Amsterdam I” e “New Amsterdam II” (1970) – encontram-se agora depositadas no Museu Arpad Szènes – Vieira da Silva.
Relativamente às exposições mais importantes realizadas no museu, nos últimos cinco anos, Marina Bairrão Ruivo destacou à Lusa “Artistas portugueses. Obras da coleção particular de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes”, em 2013-2014, “Escrita íntima. Cartas e desenhos”, em 2014, com as cartas trocadas por Vieira da Silva, e “Sonnabend-Paris-Nova Iorque. Os primeiros cinco anos da galeria Sonnabend em Paris”, em 2015.
Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas.
Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad Szenes, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do governo da ditadura, António de Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia.
Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados de 1940 a 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.
A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação do atual museu e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação.
A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).
Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.
Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de atividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.
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