A digressão nacional do espetáculo produzido pela Orquestra Filarmónica Portuguesa termina no FIMUV (Festival Internacional de Música de Paços de Brandão), no próximo sábado, e revela assim no Grande Auditório do Europarque, em Santa Maria da Feira, como uma esta peça teatral incomodou a Ditadura.
Perante uma plateia de 1.400 lugares a preços dos 12 aos 18 euros, o espetáculo encerra uma digressão nacional que já passou por Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda e Lisboa,
A narrativa segue o enredo da peça homónima publicada por Luís de Sttau Monteiro em 1961, sobre personagens do tempo das lutas liberais contra a dominação inglesa, na primeira metade do século XIX. Conta como o general Gomes Freire de Andrade, altamente condecorado pela Coroa Portuguesa, foi condenado à morte por conveniência política, servindo como bode expiatório da revolta liberal de 1817.
Sttau Monteiro pretendia com esta história era criticar António Salazar e o seu regime ditatorial. A dissimulação não passou, contudo, no crivo dos censores da época, que proibiram a encenação da peça, perseguiram o seu autor e acabaram por prendê-lo em 1967, pelo acumulado de obras com mensagem antirregime. “Felizmente há luar” só pôde ser levada à cena em 1969, quando teve a sua estreia em Paris, e subiria pela primeira vez a um palco português apenas em 1975, já após a Revolução dos Cravos.
O libreto musical desta Ópera foi composto por Alexandre Delgado, neto de Humberto Delgado, “o general sem medo”, assassinado numa emboscada pela então polícia do Estado, a PIDE.
No palco vão estar cerca de 50 músicos da OFP, conduzidos pelo maestro Osvaldo Ferreira; 10 atores e cantores líricos, sob a direção do encenador Allex Aguillera e cerca de 10 cantores do Coro ProART, orientado pela maestrina Filipa Palhares, sublinha a organização do espetáculo em comunicado enviado às redações.
Ainda existem vários bilhetes disponíveis e podem ser adquiridos aqui.
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