O que é o Primavera Sound?
O Primavera Sound é um festival de música que ocorre anualmente em Barcelona, tipicamente no final de maio ou no início de junho. Teve o seu início em 2001, no Poble Espanyol, com uma oferta musical sobretudo eletrónica: por ali passaram nomes como Armand Van Helden, Carl Craig, Gus Gus ou Unkle, entre outros. No ano seguinte, abriu definitivamente as portas ao rock alternativo, com atuações de Spiritualized, Echo & the Bunnymen, Giant Sand, Pulp ou Tindersticks.
Em 2012, assentou arraiais no Parque da Cidade do Porto, que passou a acolher uma mini-edição do festival de Barcelona; muitos dos nomes que por ali passam vêm também a Portugal, e existem por vezes alguns que nos são exclusivos. A edição de 2017 será a sexta e os passes gerais já se encontram esgotados. Por ali já passaram grandes nomes como The Flaming Lips, Patti Smith, Brian Wilson, Blur, Caetano Veloso ou Antony & The Johnsons.
Onde fica o Parque da Cidade?
O Parque é do Porto, mas uma das formas mais fáceis de lá chegar é via Matosinhos: basta apanhar o metro e sair na estação de Matosinhos Sul. O Parque da Cidade fica a escassos 5/10 minutos de caminho. Também poderá chegar lá de autocarro, se não se importar de dividir lugares com hordas de turistas rumo à Foz do Douro, saindo depois na Rotunda da Anémona. À noite, serão sempre disponibilizados autocarros de volta para a baixa do Porto. Viatura própria é também uma hipótese, mas prepare-se para arrancar alguns cabelos: com o trânsito, primeiro, e com a escassez de lugares onde estacionar, depois.
Não conheço nada do cartaz. Deverei ir ao festival?
Claro, porque não? Não é indispensável estar familiarizado com a música que se ouve no Primavera Sound para ir até lá – afinal de contas, esta é também uma excelente oportunidade para passar algum tempo com a família, e para conhecer artistas que, de outra forma, não poriam os pés em Portugal. Como os Death Grips, banda de hip-hop extremo que é conhecida pelos seus cancelamentos de concertos, o que deixa antever que, provavelmente, continuarão sem pôr os pés em Portugal (oremos para que tal não aconteça). Já os Grandaddy não virão de todo, mas por motivos de força maior, e lamentável: o baixista Kevin Garcia, co-fundador da banda, faleceu no passado dia 2 de maio.
Mas eis, muito resumidamente, algumas dicas: Bon Iver (um dos novos meninos bonitos da folk norte-americana, que encontrou um fã em Brad Pitt após o divórcio deste), Aphex Twin (nome de culto da música de dança eletrónica, e cujos fãs sub-18 ficarão desapontados porque ele não vai tocar nenhum dos seus temas mais ambient), Nicolas Jaar (uma vez, num concerto em Lisboa, passou Zeca Afonso), Elza Soares (uma das grandes vozes do samba, que irá apresentar o espetáculo A Mulher do Fim do Mundo, hino ao feminismo moderno), Japandroids (que estão no top 5 das melhores bandas rock do século XXI) e Royal Trux (sexo, drogas & rock n' roll, e a descrição está dada). Os horários de cada atuação podem ser consultados aqui.
Se eu for ao festival, quanto é que isso me vai custar?
Bem, depende. Caso queira ir os dias todos, agora só encontrará bilhetes em sites especializados de vendas, como o Safe Marketplace – todos os passes gerais encontram-se esgotados. Ainda existem bilhetes diários, ao preço de 55 euros, e à venda em todos os locais habituais (sendo que por “locais habituais”, esta – e tantas outras publicações – referem-se às Wortens e FNACs desta vida). Junte-lhe uma média de despesas de 30 euros por dia, entre refeições (que são caras, sempre foram caras e sempre serão caras em todos os festivais) e deslocações (via transportes públicos) e, caso não more na cidade do Porto, prepare-se também para ficar num hotel (maior despesa), hostel (menor despesa) ou em casa de amigos/família (despesa zero).
Como se costuma portar o público do festival?
Utilizemos uma expressão bem portuguesa para responder a essa pergunta: “tem dias”. Por um lado, o recinto fica pejado, todos os anos, de jovens com gostos musicais menos ou mais duvidosos, e que fazem de cada concerto um momento para recordar para sempre – e não só na cabeça, mas também nas redes sociais. Por outro, também há imensos pais e mães que levam os seus ternurentos rebentos para um passeio com banda-sonora de fundo. E não são apenas os portuenses ou portugueses quem se apaixonou pelo festival; existe igualmente uma enorme falange de apoio estrangeira, dos mais porreiros (britânicos que pagam finos, por exemplo) aos menos (espanhóis que falam ALTO em TODOS os concertos).
Há alguma indumentária específica que deva levar para o festival?
Tendo em conta que o NOS Primavera Sound se realiza nos primeiros dias de junho, provavelmente poderá contar já com algum calor de verão. Assim sendo, uma t-shirt, um par de ténis, calças ou calções (ou saias, no caso das mulheres) e “siga para bingo”. Mas lembre-se, sempre, do conselho intemporal das suas avós: leve um casaquinho que à noite vai estar frio. Escusa de tapar a cabeça: é para isso que servirão as coroas de flores que lhe irão oferecer à entrada.
Que outras atividades oferece o festival?
Há uma muito divertida, mas tem de estar lá bem cedo para a assistir in loco: a corrida desenfreada de dezenas de jovens rumo as grades, de forma a não perder pitada do concerto do seu artista preferido. Conte também com várias ações por parte dos patrocinadores do Primavera Sound: as supracitadas coroas de flores, por exemplo, mas também pipocas e gelado grátis, tote bags e outros itens que provam que esteve lá. De resto, poderá sempre aproveitar para passear pelo Parque, já que a vista é magnífica e o tempo deverá permiti-lo. Mas o que move realmente o Primavera Sound é a música – e, nesse aspeto, não existirá nenhum outro festival com um cartaz tão eclético sem descurar a qualidade.
Estou convencido/a. Há mais alguma coisa que deva saber?
Sim, há. O NOS Primavera Sound não se resume aos três dias no Parque da Cidade; antes disso, haverá uma série de concertos e DJ sets espalhados por várias salas do Porto, sob a égide do festival. Jessy Lanza (Hard Club), DJ Lynce (Café Au Lait), Surma (Plano B) e DJ Kitten (Passos Manuel) serão alguns deles, sendo que a entrada é exclusiva a portadores de passe geral. A after-party também estará assegurada, todos os dias, pelo Indústria: a partir das 2h de 8 de junho e das 4h dos dias seguintes, poderá ir esgotar quaisquer energias que restem (sendo de destacar a vinda de Levon Vincent, nome forte do house actual, a 10 de junho). A festa quer-se longa.
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