Atualmente, existem quatro principais serviços de streaming no mundo inteiro: Netflix, Disney+, HBO Max e o Prime Video da Amazon. E todos os anos gastam milhares de milhões de euros em conteúdo com o objetivo de atrair subscritores que acabam por estar na base do seu modelo de negócio.
Depois do impacto da pandemia, o streaming viveu um período de acelerado crescimento que trouxe uma competitividade ainda maior a um segmento que até há poucos anos parecia ser completamente dominado pela Netflix. Hoje, continua a dominá-lo com 221 milhões de subscritores no mundo inteiro, mas agora é seguida de perto pela Prime Video com 200 milhões (através do Amazon Prime), pelo Disney+ com 152 milhões e pela HBO Max com 77 milhões.
Por norma, as plataformas são muito cuidadosas a não lançar grandes blockbusters perto uma das outras de forma a não canibalizar audiência e protagonismo em media, mas o fim do verão de 2022 vai trazer uma espécie de batalha como ainda não tínhamos visto. Cada um dos serviços de streaming mencionados vai capitalizar nas suas principais “marcas” nas próximas semanas, levando a uma disputa por atenção que vai ser gira de observar, até porque a maior parte delas vai lançar séries com episódios semanais.
She-Hulk: Attorney at Law (Disney+) - 18 de agosto
Sim, o Hulk tem uma prima que é a advogada e que também vai combater o crime. A próxima série do universo da Marvel vai não só apresentar esta nova personagem, mas também marcar o regresso de duas personagens muito queridas do público: o próprio Hulk (Mark Ruffalo) e o Daredevil de Charlie Cox (que terá inclusive a sua própria série). As primeiras reações à série denunciaram alguns problemas com os efeitos especiais (que entretanto parecem ter sido resolvidos), no entanto a grande incógnita parece ser em que grupo vai cair “She-Hulk”. Será capaz de trazer algo de novo em termos de narrativa ou será mais um conteúdo esquecível “made by Marvel”? Vamos descobrir já esta semana.
House of the Dragon (HBO Max) - 22 de agosto
Já muita tinta foi gasta com a desilusão da última temporada de “Game of Thrones”. “A história avançou muito rápido”, “os destinos de algumas personagens não fizeram muito sentido”, “a filmagem estava muito escura no episódio 4”, foram os comentários mais comuns com as suas diferentes derivações. Mas é importante não esquecer que houve sete temporadas antes da polémica, que marcaram para sempre a história da televisão e que levaram a que a série fosse a maior vencedora de sempre de Emmys, por exemplo, entre outras conquistas. Acredito que já passou tempo suficiente para as pessoas darem uma nova oportunidade a este universo e que “House of the Dragon” tem tudo para correr bem. Primeiro, por acompanhar a história da infame família Targaryen 300 anos antes da história original. Segundo, por ter material de base do grande George R.R. Martin a acompanhar toda a construção da série, algo que já não aconteceu nas últimas temporadas de “Game of Thrones”. Terceiro, vai ter ainda mais dragões. Espero que isto seja suficiente para fazermos todos as pazes.
Lord of the Rings: The Rings of Power (Prime Video) - 2 de setembro
Uma trilogia e três prequelas depois, chegou a vez de “Senhor dos Anéis” chegar ao streaming em força, desta vez em formato de série. De acordo com os números mais recentes, a produção da primeira temporada de “The Rings of Power” custou qualquer coisa como 450 milhões de dólares, sem contar com as despesas de marketing e promoção. A nova história tem por base material de J. R. R. Tolkien e passa-se milhares de anos antes das aventuras de Frodo e companhia e de “The Hobbit”, podendo trazer todo um novo olhar sobre este universo e também toda uma nova geração de fãs que nem eram nascidos quando o “Senhor dos Anéis e a Irmandade do Anel” chegou aos cinemas em 2001. Havendo muito dinheiro envolvido, há sempre também um nível equivalente de expectativa num franchise tão acarinhado, especialmente devido à sua trilogia que limpou uma série de Óscares. Se o ambiente da série se conseguir aproximar minimamente disso em termos de qualidade visual e em termos de personagens, considero uma vitória.
Cobra Kai (Netflix) - 5 de setembro
Sejamos sinceros, em termos de concorrência, Cobra Kai compete com os restantes nomes desta lista meramente em termos de nostalgia. A popularidade no mundo inteiro e os custos de produção do spin-off do universo de “Karate Kid” são bastante inferiores, mas isso não impede que esta seja uma das séries de maior sucesso da Netflix. A caminho da sua quinta temporada, “Cobra Kai” mistura drama e comédia e fez regressar personagens icónicas da cultura pop e deu aquele quentinho na alma a quem cresceu com Daniel-san (Ralph Maggio) e Johnny Lawrence (William Zabka). Na série, os papéis não necessariamente revertidos, mas o foco está agora num adulto Johnny Lawrence, que já não é um bully, mas sim alguém a tentar educar a próxima geração de lutadores da melhor maneira que sabe. Outra coisa que distingue “Cobra Kai” é também o tipo de lançamento: os episódios vão sair todos de uma vez, enquanto a outras séries desta lista vão estar a lançar episódios durante 8-12 semanas. Se isso significa que vai perder protagonismo rapidamente? Who knows.
Andor (Disney+) - 21 de setembro
A Disney+ fez questão de começar e acabar este período. Esta série do universo de Star Wars pega em Cassian Andor, uma das personagens de “Rogue One” e tenta esmiuçar um pouco mais a história entre a trilogia original e as prequelas que se seguiram, algo que, por exemplo, a série de Obi-Wan Kenobi já fez. Esta nova aventura leva-nos a cinco anos antes dos acontecimentos de “Rogue One”, em que Andor (Diego Luna) é um ladrão a tentar escapar-se do Império Galáctico liderado por Darth Vader. Com o passar do tempo, vamos acompanhar o percurso deste “herói” até se tornar um dos líderes da Rebelião que vai marcar o início do fim para os Sith. O meu medo com esta série é a falta de ligação que existe com a personagem que vai estar em destaque. É verdade que “The Mandalorian” sofria do mesmo, mas acabou por ter uma promoção completamente diferente por ser uma das primeiras séries originais do Disney+. “Andor” vai ser obrigada a ter uma qualidade bastante acima da média para atrair uma vasta audiência e justificar o interesse nesta nova história. Como fã, espero que o faça.
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