"Há letras nas canções da Resistência que podem contar todas as histórias e podem também apontar todas as esperanças. Eu acho que o concerto vai ser também um concerto de esperança", disse, em conferência de imprensa, em Paris, Miguel Ângelo.
O cantor lembrou que a sala está esgotada e que o concerto de domingo marca o regresso do grupo a Paris - que atuou na sala Zénith a 04 de fevereiro de 1994 -, tendo Fernando Cunha indicado que, além dele próprio, de Tim, de Miguel Ângelo e de Olavo Bilac, os músicos que vão subir ao palco são Fernando Júdice, Pedro Jóia, Mário Delgado, Alexandre Frazão e José Salgueiro.
Miguel Ângelo acrescentou que vão ser cantadas "as palavras da Resistência" e homenageadas as vítimas dos ataques terroristas de 13 de novembro de 2015, em Paris, que fizeram 130 mortos, 90 no Bataclan.
"Obviamente, amanhã [domingo] é um concerto que vai homenagear as vítimas, mas vai fazer também a festa com os que estão vivos, com os que querem continuar a ter liberdade para passear na rua em Paris, para ir ver concertos ou espetáculos, para verem jogos de futebol, para andarem de metro em segurança. Essa vai ser a grande mensagem da Resistência", sublinhou o cantor.
Questionados pela Lusa se não têm medo de subir ao palco do Bataclan, Olavo Bilac respondeu que o objetivo da música "é dar sentimentos às pessoas de que a vida tem de continuar", para que "as pessoas não fiquem em casa fechadas com medo".
"Nós, portugueses, também de certa maneira estamos a mostrar o nosso cunho, que estamos juntos nesta luta, nesta causa que é um flagelo em todo o mundo (...) [É mostrar] que os espetáculos continuam, que as salas de espetáculo abrem as suas portas e vamos celebrar para criar bons motivos para continuarmos duma vez por todas e, se calhar, todos juntos, com a alegria, matarmos estes flagelos", disse o cantor.
Também Fernando Cunha afirmou que os membros do grupo estão "muito honrados" por terem sido convidados a atuar naquela sala de Paris, e que é uma "oportunidade de homenagear as vítimas dos atentados", nomeadamente os dois portugueses que morreram no Bataclan e no Stade de France, a 13 de novembro de 2015. "Que seja uma grande festa", exclamou.
Tim revelou que a música que vai abrir o concerto é "Nasce Selvagem", que também "vai ser cantada a 'Liberdade'" e que "as pessoas que vão assistir ao concerto vão ter emoções que muito raramente podem ter no dia-a-dia", enquanto Miguel Ângelo prometeu "canções animadas" para todo o público cantar.
"Escolhemos canções a dedo, com as mensagens certas e também para serem canções animadas, os ‘singles’ que as pessoas conhecem, para cantarem connosco, do princípio ao fim, os refrões", descreveu Miguel Ângelo.
Olavo Bilac revelou, ainda, que o grupo está a preparar "um trabalho novo" e Miguel Ângelo precisou que estão "em pré-produção" e que vão continuar os concertos, nomeadamente a 10 de junho, em Toronto, "junto da comunidade portuguesa", brincando que "a Resistência se pode tornar num daqueles casos da 'never ending tour' enquanto houver convites", e depois da reunião do grupo em 2012.
Os Resistência foram convidados para atuar no Bataclan, no âmbito do 25.º aniversário da associação de jovens lusodescendentes Cap Magellan que também organiza, hoje e amanhã, a primeira edição dos "Estados Gerais da Lusodescendência", na Maison du Portugal - André de Gouveia.
Na primeira parte do espetáculo, vão subir ao palco a cantora franco-angolana Lúcia de Carvalho e o lusodescendente Dani Selva, dois vencedores do Prémio Cap Magellan de melhor revelação artística 2016.
A sala Bataclan, localizada no centro da capital francesa, foi um dos alvos dos atentados da noite de 13 de novembro de 2015, que causaram 130 mortos. O assalto armado à sala de espetáculos causou a morte de 90 pessoas.
Um ano depois, a 12 de novembro, o Bataclan reabriu com um concerto do cantor britânico Sting.
Comentários