O conto “A fera na selva”, escrito pelo britânico Henry James (1846-1916), em 1903, foi o ponto de partida da autora francesa para, em 1961, fazer uma primeira versão da peça homónima, a que voltou em 1983, estabelecendo o texto que se estreou no palco do pequeno auditório do CCB, em Lisboa, numa encenação de Miguel Loureiro, em outubro de 2018.
O espetáculo chega agora ao Teatro Municipal do Porto, que é coprodutor da criação, com récitas marcadas para as 21:00 de sexta-feira e as 19:00 de sábado, no grande auditório do Rivoli.
A partir da tradução de João Paulo Esteves da Silva, Miguel Loureiro construiu a peça, mais pelo prazer de trabalhar um texto que “sobrevive na sua beleza e vitalidade – porque não dá o nome exato daquilo que quer falar -“, do que pela simples construção de um espetáculo, como o próprio disse à agência Lusa, aquando da estreia.
Filipe Duarte e Margarida Martinho assumem os papéis de John Marcher e May Bartram, respetivamente, num encontro amoroso adiado, o medo pela “fera que espreita” e a “catástrofe eminente que os arrastará para o fim”.Para o encenador, esta é “uma peça genial”, até pela forma como nunca se percebe o assunto principal ao longo dos 80 minutos de espetáculo, com as personagens “sempre em labirinto, sem que algum dos dois abra alguma vez o jogo completamente”.
Marguerite Duras traduziu o conto para francês, pela primeira vez, em 1961, na altura em que ajudou James Lord a fazer a transposição da narrativa para teatro, em inglês, explorando, como núcleo do drama “o grande medo da catástrofe”.
O texto é “absolutamente primo ou gémeo do resto das temáticas ‘durasianas'”, sendo que Miguel Loureiro coloca a obra nas linhas de fronteira da autora de “O amante” e de “Hiroxima, meu amor”, deixando, por isso, a cada pessoa, a possibilidade “de se inscrever nele”, referiu Miguel Loureiro.
À margem das exibições da peça, o encenador orienta uma oficina gratuita para alunos de teatro na sexta-feira, sobre a escolha de textos para trabalhar em cena, estando ainda presente numa conversa após a récita de sexta-feira, com o jornalista André Correia.
Com cenografia de Tomás Colaço, figurinos de José António Tenente, desenho de luz de Daniel Worm e sonoplastia de Pedro Costa, “A fera na selva” é uma coprodução do CCB, Culturproject e do Teatro Municipal do Porto.
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