Num diálogo entre literatura, música e teatro, ao todo há 17 obras originais que brotaram da inspiração suscitada por 17 poesias de Saramago, a partir do desafio lançado pela Leiria Cidade Criativa da Música (LCCM) da UNESCO.
“A maior parte dos festivais são agregadores de projetos que já existem. Este propôs aos artistas a criação de projetos”, realçou hoje, na apresentação, o diretor da LCCM.
Daniel Bernardes assumiu este como um “festival de muita novidade”, que “quer plantar sementes na experiência de músicos e compositores”, para “transformar os seus percursos”.
A intenção é fomentar “o ímpeto criativo”, de forma a haver “músicos de Leiria a tocar música contemporânea, feita em 2022, e [se estimularem] criadores locais a escreverem música”.
Ao mesmo tempo, o convite foi estendido a compositores com créditos já firmados e, através do concurso internacional, “a músicos que não [eram conhecidos]”.
Das dezenas de obras candidatas, quatro foram selecionadas e serão interpretadas durante o festival. Duas, uma na área do jazz e outra da música contemporânea, serão escolhidas no festival como vencedoras.
“Há muito talento a aparecer, à procura de reconhecimento e a querer mostrar a sua arte. Esta é para nós uma oportunidade para associar o nome de Leiria e da LCCM a este talento emergente que escreveu para nós”, disse Daniel Bernardes, que espera também proporcionar “experiências transformadoras na vida dos compositores ou intérpretes”.
“Se conseguirmos através da LCCM tocar dezenas ou centenas de músicos desta forma tão profunda, acho que cumprimos o nosso papel”, salientou.
Para a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Leiria, Anabela Graça, o novo festival mostra “a força, dinamismo e talento” de Leiria na música.
“Ao longo deste festival vamos ter a apresentação de 17 obras musicais originais, inspiradas em Saramago e em estreia absoluta. É o que nos diferencia neste festival”, realçou Anabela Graça, que deseja ver esta música nova chegar a outras cidades criativas.
“Leiria está a ser uma incubadora de criatividade. Gostávamos muito de levar esta música fora de fronteiras, para que este festival seja não só de Leiria, mas um festival internacional”, acrescentou.
O festival Leiria Cidade Criativa da Música começa a 16 de novembro, no Teatro José Lúcio da Silva, às 21:30, com “A maior flor do mundo”, uma colaboração entre o Leirena Teatro e Surma a partir de conto infantil homónimo, escrito por José Saramago.
À mesma hora, a 17 de novembro, no Teatro Miguel Franco são apresentadas as composições jazz escritas para o festival por Pedro Nobre, Paulo Santo, César Cardoso, Bruno Santos, Pedro Moreira, Mário Laginha, João Capinha e Diogo Santos.
A interpretação estará a cargo da cantora Rita Maria, “a principal voz do jazz português no período pós-Maria João”, realçou Daniel Bernardes, e do Septeto de Jazz da Associação Jazz de Leiria, dirigido por Pedro Nobre.
O encerramento acontece com música contemporânea, no dia 18 de novembro, às 21:30, com composições originais de João Santos, Nuno Barradas, André Barros, Anne Victorino d’Almeida, Carlos Azevedo, Carlos Brito Dias, Nelson Jesus e David Teixeira da Silva.
Em estreia, essas obras serão interpretadas no Teatro Miguel Franco pela soprano Rita Marques e um ensemble de 13 músicos da Associação das Filarmónicas do Concelho de Leiria, dirigido pelo maestro Nicholas Reed
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