Antes de começar a falar de “Obi-Wan Kenobi” é importante esclarecer uma coisa. Na minha opinião (e de muita gente) as prequelas não são bons filmes de Star Wars, mas introduziram boas personagens e foram um upgrade no que diz respeito aos efeitos especiais que eram permitidos na trilogia original. Dito isto, uma das coisas que me deixou mais feliz sobre a nova série da Disney+ foi o potencial que tem para funcionar como uma espécie de redenção para uma história que não foi propriamente bem contada.
Os primeiros dois episódios estrearam na passada sexta-feira e levam-nos para um época bastante peculiar:
- 10 anos depois dos acontecimentos do “Episódio III - A Vingança dos Sith”, em que Anakin Skywalker passa para o lado negro da Força e se transforma em Darth Vader, depois de sobreviver a uma batalha contra o seu então mestre Obi-Wan Kenobi.
- 10 anos antes dos acontecimentos do primeiro filme de Star Wars “Episódio IV - Uma Nova Esperança”, que nos deu a conhecer personagens como Luke Skywalker, Leia Organa, Darth Vader e o próprio Obi-Wan Kenobi.
Este período não é propriamente simpático para os Jedi, que são uma espécie em extinção depois de uma perseguição feroz a cargo das tropas de Darth Vader, denominados de “Inquisidores”. Obi-Wan passou a ser Ben e é agora uma espécie de operário/talhante que vive quase em penitência (renegou as suas habilidades Jedi) no planeta de Tatooine, onde vai mantendo um olhar próximo do muito jovem Luke Skywalker.
Com base no historial de Star Wars, sabemos que as coisas não vão melhorar propriamente nos próximos tempos. E, por isso, a Disney tinha de arranjar uma história cativante o suficiente que justificasse a existência da série, para além do puro “fan service”. E posso dizer que fiquei muito surpreendido e satisfeito por perceber que “Obi-Wan Kenobi” também vai funcionar como uma espécie de história de origem para a Leia, quando todas as pessoas se calhar estavam à espera que houvesse mais Luke.
Resumidamente, (pequeno spoiler alert) um dos “Inquisidores” mais impacientes, Reva (discípula de Darth Vader), tentar apanhar Obi-Wan, ordenando o rapto de Leia criando uma espécie de armadilha, que obriga o Jedi a ir salvá-la e a sair do anonimato. E, claro que, como boa pessoa que é, Kenobi acaba precisamente por fazer isso. Se corre bem ou não, sugiro que vejam os primeiros episódios.
Ewan McGregor, no regresso à personagem que protagonizou nas prequelas, está absolutamente impecável e encarna na perfeição o papel de Jedi a tentar encontrar alguma paz interior, depois de tudo o que lhe aconteceu. Vivien Lyra Blair é a jovem atriz que representa Leia e oferece alguns dos melhores momentos até agora, especialmente nas interações com Obi-Wan. Há algo nela que faz lembrar em simultâneo Carrie Fisher, que imortalizou a personagem de Leia no cinema, e também um pouco de Natalie Portman como Padmé (a sua mãe). Portanto, o casting foi bem feito. Há ainda espaço para a participação de Flea, baixista dos Red Hot Chili Peppers, como um dos raptores de Leia; de Rupert Friend e Moses Ingram como Inquisidores e ainda de Kumail Nanjiani (“Sillicon Valley”) como um “falso Jedi”.
Quem não apareceu ainda foi Hayden Christensen como Anakin Skywalker aka Darth Vader, que será certamente um dos pontos altos da série, nos quatro episódios que se seguem. Não sei se já dá para dizer que estes dois primeiros episódios dão um melhor filme do que qualquer uma das prequelas, mas se “Obi-Wan Kenobi” continuar a pegar no melhor que “The Mandalorian” trouxe ao universo de Star Wars e narrativamente cumprir com as expectativas dos fãs (e nos der mais umas lutas com lightsabers), poderá certamente chegar a esse estatuto.
Kit para ver “Obi-Wan Kenobi”:
- Um rápido resumo das prequelas
- Uma entrevista de Ewan McGregor e Hayden Christensen
- Um artigo sobre o futuro do universo de Star Wars
- Uma playlist para entrar no mood
“Obi-Wan Kenobi” está disponível no Disney+ e vai ter novos episódios semanalmente
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