O filme "Três cartazes à beira da estrada", de Martin McDonagh, venceu hoje, em Londres, o prémio de melhor longa-metragem britânica na 71.ª edição dos prémios da Academia Britânica de Artes do Cinema e Televisão (BAFTA). A longa-metragem, que narra a história de uma mãe em busca de justiça depois da morte da filha, conquistou cinco prémios em Londres: melhor filme, melhor filme britânico, melhor argumento original, melhor atriz, para Frances McDormand, e melhor ator secundário, para Sam Rockwell.
Na categoria de melhor realizador, o galardão foi entregue ao cineasta mexicano Guillermo del Toro, de 53 anos, por "A forma da água", sendo a segunda vez que recebe um BAFTA, depois de ter conquistado, em 2007, na categoria de melhor longa-metragem em língua inglesa, por "O labirinto do Fauno". "A forma da água" decorre em Baltimore, nos Estados Unidos, nos anos 1960, e narra uma história de amor entre uma jovem que trabalha num laboratório de alta segurança do governo, e uma criatura humanoide anfíbia que se encontra aprisionada.
O filme também venceu os BAFTA nas categorias de melhor música (Alexandre Desplat) e desenho de produção (Paul Austerberry, Jeff Melvin e Shane Vieau).
O BAFTA para melhor ator foi entregue ao britânico Gary Oldman pela sua interpretação de Winston Churchill em "A hora mais negra", de Joe Wright.
O realizador e produtor britânico Ridley Scott recebeu o BAFTA honorífico pela sua contribuição para a indústria cinematográfica e foi aplaudido de pé pelo público presente na cerimónia, que decorreu no Royal Albert Hall. "Não me quero comover, mas na verdade, estou emocionado. Há 40 anos que faço neste trabalho, e é a primeira vez que me dão algo”, declarou.
Roger Deakins, por "Blade Runner 2049" recebeu o BAFTA na categoria de melhor direção de fotografia, Allison Janney conquistou o galardão na categoria de melhor atriz secundária em "Eu, Tonya", de Craig Gillespie, e o filme "Dunkirk", do britânico Christopher Nolan, venceu na categoria de melhor som.
"Call me by your name", do italiano Luca Guadagnino, venceu o galardão para melhor argumento adaptado (James Ivory), e "I Am Not Your Negro", do realizador haitiano Raoul Peck, ganhou o BAFTA para melhor documentário.
O britânico Daniel Kaluuya recebeu o BAFTA para melhor intérprete revelação, único prémio votado pelo público, pelo papel de Chris Washington, no filme "Get Out".
"Coco", do norte-americano Lee Unkrich, conquistou o prémio para o melhor filme de animação, e Mark Bridges foi galardoado com o BAFTA para melhor guarda-roupa por "Linha Fantasma", dirigida por Paul Thomas Anderson.
O filme coreano "A Donzela", de Chan-Wook Park, ganhou o BAFTA de melhor filme em língua não inglesa.
O favorito na competição era "A forma da água", escrito e dirigido por Guillermo del Toro, que se habilitava a ganhar até 12 prémios, ultrapassando Denis Villeneuve com "Blade Runner 2049", indicado em oito categorias. A disputa pelo prémio de melhor filme repartiu-se entre estes dois títulos e "A hora mais negra", de Joe Wright, "Dunkirk", de Christopher Nolan, "Call me by your name", de Luca Guadagnino e "Três cartazes à beira da estrada", de Martin McDonagh, que acabou por ganhar.
A cerimónia, que decorreu no Royal Albert Hall, foi apresentada pela atriz britânica Joanna Lumley, que ganhou dois prémios Bafta durante sua carreira e ficou conhecida do grande público pelo seu papel na série de televisão "The New Avengers".
"Sisters, this is our moment to say Time's Up"
Não foi surpresa que muitas estrelas se tenham vestido de preto durante a cerimónia para protestar contra os escândalos que implicam grandes nomes do cinema, entre eles o produtor americano Harvey Weinstein. Não foi surpresa, porque não é novidade - aconteceu nos Globos de Ouro, evento congénere nos Estados Unidos da América, e não foi surpresa porque o tema continua na ordem do dia.
E é precisamente por causa desse contexto que a Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA, segundo a sigla em inglês) suscitou um grande número de críticas ao ter indicado apenas homens, ou filmes dirigidos por homens, nas categorias mais prestigiadas: melhor filme, melhor filme britânico e melhor diretor.
Uma carta aberta escrita por "um coletivo de líderes femininas da indústria do cinema no Reino Unido" e publicada pelo site americano Deadline pedia aos convidados que se mobilizassem "para estender a esse lado do Atlântico o incrível movimento" lançado nos Estados Unidos pelas campanhas Time's Up e #MeToo.
Neste domingo, o movimento ganhou um novo impulso com a publicação no jornal britânico The Guardian de um artigo intitulado "Sisters, this is our moment to say Time's Up" assinado por 190 mulheres do mundo do cinema, entre elas Keira Knightley, Naomie Harris e Jodie Whittaker, que pediram uma mobilização contra os abusos sexuais em todos os setores.
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