
Esta nova experiência imersiva foi concebida para ser um verdadeiro momento de “comprimido vermelho” que leve os fãs de cinema a saírem do sofá, numa altura em que a indústria cinematográfica está desesperada por reconquistar audiências.
A Cosm, com espaços em Los Angeles e Dallas, vai estrear em junho os seus ecrãs em formato de cúpula e cenários 3D, começando com uma versão de “realidade partilhada” de The Matrix, o filme de culto de 1999 protagonizado por Keanu Reeves como um homem que descobre que o seu mundo é uma ilusão.
"Acreditamos que o futuro será mais imersivo e mais experiencial", disse Jeb Terry, presidente da Cosm, numa sessão de antevisão recente.
"Estamos a tentar criar algo complementar, uma nova experiência, idealmente não concorrente, para que a indústria possa continuar a prosperar em todos os formatos."
O público das salas de cinema já estava a diminuir antes mesmo da pandemia da Covid-19, que levou ao encerramento dos cinemas precisamente quando o streaming estava em ascensão.
Com televisores cada vez maiores e melhores em casa, o desafio para os exibidores é oferecer algo que os cinéfilos não consigam reproduzir na sala de estar.
Filmes de grande prestígio como Missão: Impossível – A Desforra Final, com Tom Cruise, ou Oppenheimer, de Christopher Nolan, vencedor de vários Óscares, optam cada vez mais pelos enormes ecrãs e qualidade superior de imagem do IMAX.
Mas a Cosm e outros projetos semelhantes querem ir mais longe, colaborando com designers que trabalharam com o Cirque du Soleil para criar um ambiente onde o espectador se sinta dentro do próprio filme.
Para os realizadores, tudo depende da forma como se posicionam as câmaras e onde se capta o som, explicou Jay Rinsky, fundador da Little Cinema, um estúdio criativo especializado em experiências imersivas.
“Criamos cenários como se fossem uma ópera parisiense, deixamos o filme ser o cantor, seguimos o tom, realçamos as emoções... com luz, com cenografia, com ambientes 3D”, disse.
Segundo Rinsky, esta abordagem adapta-se especialmente bem a The Matrix, que descreve como “uma obra-prima do cinema — mas feita num retângulo”.
Para quem não conhece: Neo, interpretado por Keanu Reeves, é um hacker informático que começa a questionar uma realidade que não parece fazer sentido.
Uma figura misteriosa, interpretada por Laurence Fishburne, oferece-lhe um comprimido azul, que o manterá na sua ilusão, ou um comprimido vermelho, que lhe revelará que é um escravo cujo corpo está a ser explorado por máquinas com inteligência artificial, enquanto a sua consciência vive numa simulação computorizada.
Segue-se muito tiroteio, artes marciais e misticismo, bem como um romance com Trinity, interpretada pela enigmática Carrie-Anne Moss.
Na versão imersiva de The Matrix, a experiência começa com uma escolha entre dois cocktails — azul ou vermelho, claro está —, servidos enquanto o público se senta rodeado de ecrãs de alta definição.
As perspetivas em constante mudança colocam o espectador dentro do cubículo de escritório de Neo, ou aparentemente em perigo iminente.
“Por vezes, estão dentro da cabeça da personagem”, disse Rinsky. “O mundo muda quando olhas para cima e para baixo e vês camiões a vir na tua direção.”
O resultado impressionou os que assistiram à sessão de pré-estreia.
“Foi mesmo uma experiência”, disse o influenciador Vince Rossi à AFP. “Pareceu que estávamos num parque temático de cinema.”
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