Intitulada “Blank”, a exposição, que inaugura às 22:00 de sexta-feira, tem curadoria de Johana Carrier e Joana P.R. Neves, e ficará na Culturgest até 08 de setembro, de acordo com a organização.
A artista, de 85 anos, que estará em Lisboa para a inauguração, nasceu em Calle, na Alemanha, em 1934, vive e trabalha em Milão, em Itália, e começou a trabalhar na sua primeira série de “Eigenschriften” (“auto escritos” ou “escritos por si própria”), no final da década de 1960.
A exposição — que tem como instituição produtora original a Culturgest — irá iniciar, depois de setembro, uma itinerância até 2021, em seis museus, assumindo diferentes configurações em cada nova apresentação.
“Blank” passará pelo Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Genebra, na Suíça (de outubro 2019 até fevereiro de 2020), seguindo-se o Museu de Arte Contemporânea de Bordéus, em França (primavera de 2020), o Centro de Arte Contemporânea de Telavive, em Israel (verão de 2020), o Instituto de Arte Contemporânea de Milão, em Itália (primavera de 2021), o Museo Villa dei Cedri, em Bellinzona, na Suíça (verão de 2021), e o Bombas Gens Centre d’Art, em Valência, Espanha (outono de 2021).
O trabalho de Irma Blank nasceu da “experiência perturbadora” da mudança do seu país natal, a Alemanha, para o país do seu marido, Itália, em 1955, contextualiza um texto da Culturgest sobre a artista.
Leitora ávida e amante da língua, aí descobriu que “não existe a palavra certa”, e começou a criar os seus escritos e a utilizar o seu próprio corpo, gestos, presença e respiração, como ferramentas criativas.
Irma Blank considera que todo o seu trabalho é autobiográfico e uma forma de escrita encarnada, universal.
Depois de várias fases de vida e de expressões artísticas, em 2016, na sequência de um problema de saúde que lhe paralisou o lado direito do corpo, aprendeu a desenhar com a mão esquerda, o que conduziu a uma nova série na qual continua a trabalhar, intitulada “Gehen, Second Life” (“Seguir em frente, segunda vida”, em tradução livre), iniciada em 2017.
Como retrospetiva, a exposição “Blank” abrange todos os períodos de produção da artista, das primeiras séries aos trabalhos mais recentes, com atenção especial aos livros feitos à mão.
“Tal como aconteceu com tantas outras mulheres da sua geração, a sua obra foi ignorada durante demasiado tempo, estando agora a receber, finalmente, a atenção que merece”, salienta a Culturgest.
Nos seus trabalhos “encontra-se uma intersecção entre as representações linguística e visual, na medida em que procura uma forma de purificar a linguagem, libertando-a de significado. A linha, por tradição um instrumento do desenho, serve aqui para desprover a palavra de conteúdo e criar uma transmissão universal”, descreve.
O título da exposição, “Blank”, é um jogo de palavras com o apelido da artista, pegando na palavra “blank” que reflete, quer em alemão, sua língua-mãe, quer em inglês, a sua dedicação a um processo minimalista de escrever sem palavras.
“Luminoso”, “despido”, “vazio”, “absoluto”, todas estas palavras cabem também no significado de “blank” em ambas as línguas, “contribuindo para definir o processo desta artista, que começou com uma forma de deslocação linguística e cultural, e a levou a questionar o limites da comunicação e da expressão”, afirma a Culturgest, na apresentação da mostra.
O catálogo da exposição – que tem a chancela Walther König – é da autoria das curadoras, de Douglas Fogle e Miriam Schoofs, e inclui uma entrevista do curador, crítico e historiador de arte Hans Ulrich Obrist à artista.
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