Louise e Daniel Nacach são um casal vindo da Dinamarca com uma missão: são “missionários do café”, diz Daniel à Lusa, mas também do gelado. Em 2016 saíram de Copenhaga, onde tinham uma empresa com um bar e importação de vinhos.
Um pequeno ponto no meio do Atlântico, no mapa que tinham na cozinha, despertou a atenção de Louise e, seis meses depois, o casal e as três filhas pequenas já se tinham mudado para os Açores, após terem vendido tudo o que tinham na Dinamarca.
A decisão foi simples ao verem que “não havia ninguém a fazer café fresco torrado e havia muito pouco gelado, ninguém fazia gelado em pau”, afirma Louise.
O argentino é formado em química e foi aí que foi buscar os conhecimentos que o casal aplica nos seus produtos.
O café é responsabilidade da sueca Louise, que teve de se adaptar ao mercado quando se apercebeu de que “o descafeinado é algo que os locais procuram muito”, enquanto “no resto da Europa não há muito mercado” para este produto.
“A grande maioria dos descafeinados são feitos de forma artificial: fazem cafeína e o resíduo de café que fica junto com os químicos que usam para retirar a cafeína é vendido”, explica.
No Intz48, o descafeinado é feito com grãos de café arábica, um café mais aromático e com menos cafeína. “O processo está feito para guardar as características do café e, dessa maneira, arruína-se a cafeína e não o café”, acrescenta, sublinhando que o resultado é um produto “sem químicos e com as características do café: tem aroma e é cremoso”.
Mas não é só o consumo de descafeinado que é diferente — “Portugal consome muito café, mas sempre em expresso”, diz Louise.
Aqui, os cafés são sujeitos a um meticuloso método que utiliza tecnologia de ponta em todas as fases do processo. É no próprio espaço que é feito o controlo da qualidade dos grãos, a torragem, a moagem, que tem de ser homogénea, e a extração.
O controlo da qualidade dos grãos é o primeiro passo e, com o equipamento que têm, único na região, já receberam pedidos para controlo de qualidade de produtos vindos de outras ilhas dos Açores.
Daniel conta que já receberam alguns cafés açorianos que “são interessantes” e podem ser comercializados.
Também nos gelados, da responsabilidade do argentino, o Intz48 quer marcar a diferença.
“Cá já há muito gelado de bola, e é muito bom, mas este produto [gelado de pau] permite-nos ser mais versáteis com as misturas do sabor”, explica, afirmando que “fazer gelados é matemática, é química”, e que o seu produto é diferente porque “tem menos ar” do que o gelado de bola, o que o torna mais denso.
O processo implica passar a fruta triturada num refratómetro (que analisa a quantidade de açúcar natural do produto), ajustar os níveis de açúcar e congelar a temperaturas que variam entre os -16º e os -40º. O habitual é entre -14º e -16º.
“Há gente que gosta e gente que não gosta, mas nós damos uma massa compacta de um gelado com um sabor mais intenso”, explica o empresário.
O espaço tem quatro meses e já tem suscitado o interesse dos locais: “É difícil tirar a gente das suas rotinas e hábitos, mas cada vez há mais açorianos que se atrevem a tomar caminhos diferentes”, comenta Louise.
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